Gosto do jorro de água no chuveiro
Da quentura sobre a minha pele nua
Lembra a corrente das águas em janeiro
A alma em febre numa lucidez crua
Sobre a pele caem as lágrimas
Do cansaço. São do poeta em alvoroço
Se descreve o Homem vil e tão devasso
Projeto falhado de si mero esboço
Leva tudo água cristalina
As sobras insalubres deste peito
Deixa que essa tua ação divina
Me deixe só os versos ímpios sem defeito
Só assim derrubo os muros que me cercam
As barreiras invisíveis da cidade
Só as palavras que se namoram me confortam
E me trazem de volta a liberdade
É vida que de ti brota ávida
Um parto no fim da gravidez
Poesia assim em ti tão dissolvida
Amor por ti, minha eterna embriaguez
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