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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Parto

Gosto do jorro de água no chuveiro

Da quentura sobre a minha pele nua  

Lembra a corrente das águas em janeiro

A alma em febre numa lucidez crua


Sobre a pele caem as lágrimas 

Do cansaço. São do poeta em alvoroço

Se descreve o Homem vil e tão devasso

Projeto falhado de si mero esboço


Leva tudo água cristalina

As sobras insalubres deste peito

Deixa que essa tua ação divina

Me deixe só os versos ímpios sem defeito


Só assim derrubo os muros que me cercam

As barreiras invisíveis da cidade

Só as palavras que se namoram me confortam

E me trazem de volta a liberdade


É vida que de ti brota ávida

Um parto no fim da gravidez

Poesia assim em ti tão dissolvida

Amor por ti, minha eterna embriaguez












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