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sábado, 6 de junho de 2020

Crónica de Maus Costumes 185


Politicamente incorreta

                Ao longo da semana, a atualidade esteve marcada pelo tema George Floyd, que voou desde os Estados – Unidos até ao nosso retângulo. Hoje, foram realizadas várias manifestações contra o racismo, em vários pontos do país, inspiradas pelo assassínio do negro.
                Quero deixar claro que repudio veementemente o homicídio do ser humano em questão. Não deveria ter acontecido, a responsabilidade deve ser apurada (como certamente será. Os polícias já foram despedidos e indiciados judicialmente, um acusado de homicídio e  os outros de cumplicidade) e a brutalidade tem de ser, necessariamente, combatida. No entanto, não posso deixar de fazer uma reflexão e levantar algumas questões que me incomodam profundamente.
                George Floyd foi brutalmente manietado até à morte, sem qualquer dúvida, no entanto, há contornos a analisar antes de chegarmos a conclusões demasiadamente rápidas e ligeiras. Floyd não era um cidadão exemplar. Já tinha sido preso por assalto à mão armada, várias vezes por posse de droga, segundo parece, mesmo no momento do seu homicídio, estaria sob o efeito de cocaína e, alegadamente, tinha pago a despesa num estabelecimento comercial com uma nota falsificada. A menina, a sua filha, na sua pura inocência, diz orgulhosa que o pai mudou mundo. Espero que não se quebre demasiado o coração quando mais tarde vier a descobrir o comportamento pouco escorreito (consumo de droga), desonesto e criminoso (assalto) do pai. Saber que o herói tinha pés de barro bem cru deve ser doloroso. Estes factos justificam a violência policial e a perda da sua vida? Não! Também o polícia que lhe causou a morte terá um currículo feio no que diz respeito ao uso de violência. Será julgado (e bem) pelo seu comportamento. Ocorre-me apenas o seguinte: Que agente se dirigiria tranquilo e confiante a um homem espadaúdo e com uma ficha criminal tão preenchida? Julgo que nenhum. Acontece que Floyd era preto e o polícia branco e, então, de imediato, o caso ganha contornos de racismo. Floyd não foi vítima de racismo! George foi vítima de violência policial! Haverá algum jornalismo sério que tenha tentado compreender o que se passou exatamente? O polícia acaso terá matado Floyd por ser racista ou por ser mau profissional e abusar da força, não respeitando sequer a farda que enverga? Não se tratará mais de um caso de violência do que de racismo?! O resultado foi o mesmo: a morte de George, mas os seus efeitos seriam completamente diferentes.
                Transformando-se esta violência num caso de racismo, incorre-se no que veio a seguir. A sociedade tem o dever moral de exigir responsabilidade a quem de direito, mas de forma ordeira e sem atropelos dos direitos de outros cidadãos. As Associações em prol da igualdade e da defesa dos direitos humanos devem movimentar-se, mas terem cuidado com o terreno que pisam e evitar que outros interesses se aproveitem das suas boas intenções. As manifestações vieram e com elas o tumulto, a criminalidade e a violência. Manifestar-se contra o que consideram um ato de racismo de forma ordeira é viável. Aproveitar-se do movimento para destruir carros, estabelecimentos comerciais e vidas de trabalho é inqualificável e inadmissível!
Black lives matter! Really? Há vidas negras que ficaram absolutamente prejudicadas pelos desvarios, talvez quem sabe de outros negros! Enquanto se pensar que a vida dos negros também importa, nunca se erradicará o racismo, porque a mensagem deveria ser “Toda a vida importa: negra, branca, amarela ou vermelha!” A vida do ser-humano é inviolável. Ponto. Não se promoverá o fosso entre brancos e negros ao invés de o apaziguar, transformando atos de violência em atos de racismo? Se Floyd fosse branco não estaríamos perante a mesma barbárie? Por outro lado, imortaliza-se Floyd como se de um cidadão exemplar se tratasse! Floyd não mereceria este desfecho, mas também não era nem um Mandela nem um Martin Luther King nem um Malcom X! Floyd nem sequer seria bom exemplo para a filha, que na sua inocência julga que o pai é um herói! Era um cidadão americano com sérios problemas com a justiça. A cor da pele é mero faits divers!
Quanto à população portuguesa, apraz-me vê-la envolvida em causa nobre e manifestar-se ordeiramente, só lamento não ver essa adesão e movimento a favor de questões internas bem importantes, como o bom funcionamento da justiça nos casos de corrupção, por exemplo. Também não vi qualquer movimentação em relação aos últimos acontecimentos no Seixal (e não me refiro às agressões perpetradas contra os jogadores do Benfica e o seu autocarro, que também merecem a devida atenção), mas antes à morte de um negro por um cigano. Neste caso concreto, falamos de violência ou de racismo, se falamos de duas minorias étnicas? No entanto, se o negro ou cigano fossem baleados por um branco, seria, de certeza, interpretado à luz do racismo. A continuar assim, de cada vez que for necessária a intervenção policial em certos bairros bem conhecidos deste país, onde moram pretos, brancos, ciganos e tudo gente muito boa, enviemos para lá os líderes de certas associações e também alguns políticos, para tratarem do assunto com tato e delicadeza!
Certamente, o problema não é a cor dessas pessoas, mas os princípios e os valores que as norteiam. E sim, também há pessoas boas e honestas nos bairros e é em prol dessas que a segurança deve ser preservada! Caso não saibam, há certos bairros em que os entregadores de piza deixam-nas na esquadra das imediações para os clientes as irem levantar. Devem imaginar o motivo. Sei lá, manias: os funcionários gostam de findar o seu trabalho sem serem vítimas de assalto! E sim, também há brancos metidos nisto!
Parece-me que determinados indivíduos, com muita responsabilidade neste país e por esse mundo fora, ainda não compreenderam que violência é violência e a cor do agredido um mero acessório. Enquanto tratarmos tudo particularmente como uma questão de cor e de raça, em vez de generalizadamente como uma questão de violência gratuita contra um ser humano, talvez os melhores dias não surjam! Obviamente, o racismo existe e é absolutamente condenável, mas esforcemo-nos por separar as águas e lembremo-nos do seguinte: There is only one human race!
Nina M.


















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