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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Olhos

Se uns olhos serenos
Não ocultam a paixão
Vê-se toda a alma espelhada
Eles são pura emoção
Brilham com uma luz igual
À de outros olhos seus
Se se cruzam no caminho
Do afago que se perdeu
Cintilantes no propósito
De se voltarem a olhar
Cerram-se por uns instantes
Pr'o momento eternizar
Nesse desejo insano
De ser imortalidade
Procuram-se em toda a parte
Estão presos por vontade
Se a presença o consente
Contemplam a perfeição
Do amor que os uniu
Exigência e ambição
Mais belos se tornam eles
No exílio da ausência
Já que se conseguem ver
no seu tempo de carência
Olhos que são um abraço
Beijo de ternura feito
No dia em que se não mostram
Há um outro par desfeito
São olhos de uma saudade
Que se quer sempre presente
Buscam autenticidade
Que encontram num outro ente 
Nesta pura dialética
Numa valsa do olhar
É amor que resplandece
Não há como o negar
Transcendência almejada
Que chega por um olhar
Deve ser acomodada
Para se eternizar


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