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sábado, 22 de setembro de 2018

Crónica de Maus Costumes 99




Há momentos em que mesmo as pessoas de convicções tremem e fraquejam. Fazem-no de forma diferente da maioria, porque o sabem ocultar. Mantêm-se seguros e altivos, no melhor sentido da palavra, a altivez que regula a autoconfiança e a autoestima e não o narcisismo destrutivo e cego de se achar o melhor.
O olhar alheio que pousa sobre estas auras de indestrutibilidade pasma incrédulo perante os sinais corporais que apontam para uma serenidade invejável.
São personalidades fortes, nalguns casos revestidas a açúcar, muitas vezes, profundamente dilaceradas pela vida. Se olharmos atentamente, podemos reconhecê-las em diversos contextos. Todos os anos chegam até mim heróis destes, muitas vezes, de palmo e meio que suportam agruras de fazer corar o mais seguro de si.
Mais do que comiseração ganham o meu total respeito e revolta interior também, por um infinito estado de coisas que me ultrapassam, me agoniam e não consigo resolver.
Perante estas vidas sofridas e tocadas pela desgraça, sofre-se um choque em silêncio absoluto que desvela uma profunda vergonha de um qualquer pesar que nos assole o espírito.
Tudo é uma questão de perspetiva, ângulo e empatia. O confronto com a desgraça alheia é bom para que tenhamos a humildade de nos questionarmos e de nos reposicionarmos no nosso trajeto. Aprender a olhar para os que sofrem com maiores dores alarga horizontes e quebra barreiras, faz-nos perceber a sorte que tivemos. Pura sorte! A meritocracia não cabe aqui e como um trapo sujo de chão, enrodilhamos a alma vexada, por saber que até para nascer é preciso ter-se sorte…
Quem não sabe nunca apreciar o que tem, achará sempre pouco o que encontrar!
Valorizemos o que já temos e talvez o nosso trajeto seja mais simples.

Nina M.

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