Mais
um ano letivo se inicia, não sem controvérsia e sem dificuldades, como têm
vindo a ser marcados os últimos tempos na relação entre governo e professores,
professores e maiores sindicatos e, tristemente, no seio da própria classe.
No
rescaldo de mais uns resultados do concurso, é muito fácil ler-se nas redes
sociais ataques ferozes entre colegas e lamentos, alguns com bastante
fundamento, mas que esquecem que de uma forma ou de outra não há professor que
já não tenha sentido na pele algumas injustiças relativamente ao modus faciendi das colocações e aos seus
critérios.
Nunca
será possível agradar a todos. Legitimamente distraídos com os maus-tratos
consecutivos infligidos à classe, ainda longe de terminarem, prevejo, quase não
houve tempo para recuperar a energia e a sanidade.
Adivinha-se,
portanto, um recomeço difícil, com novas mudanças a serem introduzidas (mais
uma experiência) e que ninguém sabe muito bem como vai funcionar. Os
professores já começaram a receber propostas de planificações centradas nas
Competências Essenciais que se pretende que os alunos adquiram. Mudanças
drásticas nunca deveriam ser feitas à pressa, em cima do joelho, sem discussão
alargada e preparação mínima ao longo do ano letivo anterior. Nada disto
aconteceu, pelo menos, na base menor da pirâmide, mas sobre quem recaem as
responsabilidades e as estratégias de ação: os professores, naturalmente.
De
modo que este recomeço já não seria fácil, em virtude das alterações aplicadas,
num ambiente de tranquilidade. Imagine-se com o clima reinante.
Os
professores, como sempre, tentarão não falhar e implementar o que lhes é
solicitado. Dou por mim a pensar que o problema da classe é precisamente esse.
Sempre se faz tudo, a bem da educação. Um bem que não sabemos se é bem ou mal,
mas cheios de boas intenções, munimo-nos de boa-vontade e agilizamos para que o
processo aconteça. Em prol dos alunos. Há quem não o perceba, mas o Ministério
sabe-o perfeitamente e, por isso, se aproveita desta benevolência e
paternalismo, também designado de profissionalismo. Sabe que nunca fica nas
mãos com os professores e quando estes esticam a corda um pouco mais do que
esperado, até o direito à greve, sub-repticiamente lhes é negado!
Aguardo
cenas dos próximos capítulos…
No
meio do caos, nem tudo é mau. Parece-me que genericamente as colocações terão
corrido melhor, apesar da falta de respeito e sobretudo de humanismo ao dar a
conhecer as colocações apenas a trinta de agosto! Também há outras crianças
envolvidas, os filhos dos próprios professores que se veem a tombos com uma
nova casa, uma nova escola e amigos, de um dia para o outro. Numa empresa
privada cairia o Carmo e a Trindade!
Para
os colegas que se encontram nessa situação, votos de um feliz ano, para os milhares
de contratados (condição que ainda sinto agarrada à pele, como se fosse ontem),
espero que encontrem o vosso lugar ao sol o mais rapidamente possível…
Para
mim, apesar das dificuldades do porvir, será certamente um ano mais (com
esperança que possam efetivamente ser três, desta vez) de felicidade, de
encontro e de reencontro. Desta vez, a sala de professores será apenas um
bocadinho diferente, mas muitos dos que lá deixei voltarei a reencontrá-los e
como gosto que seja assim!
O
coração serena quando sabe que apenas sairá de sua primeira para a sua segunda
casa! Quando sabe que abraçará gente que vive dentro de si e que dessa
companhia continuará a usufruir… Bem-haja a todos.
Ex corde.
Nina
M.
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