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quinta-feira, 19 de junho de 2025

Pira funérea

Há qualquer coisa de poético
Na pira flutuante na jangada
Sobre o rio
Ao sabor da corrente
Para entrar no Estígio
A volta de honra à vida
Mesmo de olhos fechados
De carne fria e rígida
Descer o rio a arder
Para quem foi chama
É final majestático
Diferente da asfixia que sempre
São os enterramentos
Pás de terra a soterrar um corpo
Que já não sente nem pesa
Colocar-lhe um teto baixo
De escuridão e de humidade
[A humidade faz mal aos ossos]
Ou em alternativa penosa
Empurrar um corpo inerte
Para uma sarça ardente fechada
E dela retirar o pó que sobrou
Sem o óbolo para o barqueiro

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