Mesquinhez e egos
Todo o local de
trabalho onde seja necessário lidar com pessoas, especialmente, muitas pessoas,
pode tornar-se hostil para muitos, principalmente, para os mais sensíveis.
Viver bem com o outro,
no local de trabalho, implica uma grande capacidade de empatia, a faculdade de
olhar o horizonte, bem mais longínquo do que o umbigo de cada um e a humildade
de saber que não será nem melhor nem mais fundamental do que o outro, que cada
um cumpre o seu papel e que a cooperação é sempre melhor do que a competição.
Esta só deverá existir no desporto e com tino, porque até aí, demasiadas vezes,
a coisa corre para o torto…
Acontece que, no mundo
laboral, a ganância é muita e para se ganhar dinheiro é preciso produzir muito.
Quanto mais um funcionário produzir, mais lucra a empresa e, portanto, instigar
a competição entre os funcionários, com incentivos remuneratórios para o mais
produtivo, logo, mais útil, é uma estratégia benéfica para a empresa, mas pode
ser péssima para os funcionários, dependendo da índole de cada um. Se houver
discernimento e sentido de reconhecimento do trabalho e da competência alheia,
talvez, a coabitação possa ser pacífica, mas se não existir e as pessoas forem
de rancores, o ambiente fica contaminado, mesmo havendo uma polida capa de
verniz, mas que estala ao mínimo sobressalto. Há os que se consideram sempre
injustiçados e os que invejam sistematicamente a sorte alheia, mesmo que a
recompensa não seja por aí além… Talvez fosse, teoricamente, mais interessante
e mais justo se houvesse um reconhecimento equitativo de um todo, isto é, no
caso de serem atingidos determinados objetivos, todos poderem beneficiar de um
prémio… A questão está na raça humana, porque mesmo desta forma, iria haver
aquele que não se iria empenhar tanto e, no final, receberia o mesmo… Começaria
a ser olhado de viés pelos outros que, tendo alcançado o objetivo,
considerariam injusta a gratificação do calão. De modo que as relações
interpessoais, no trabalho, vivem inquinadas. Creio que ninguém encontrou,
ainda, a solução para resolver a questão e eu também não a tenho. Creio que
focar-se mais em si e no seu trabalho sem olhar o vizinho, poderá ajudar. Quando
estas tensões persistem, podem dar origem a comportamentos menos aceitáveis,
por falta de lealdade para com os pares. Quantas histórias não se ouvem de
coisas que as pessoas são capazes de fazer para ultrapassar os outros, não
olhando a meios para alcançarem os seus fins. Não vale tudo, na vida. Não pode
valer tudo e os que usam de mesquinhez para atingir os outros, até podem
alcançar os seus objetivos, mas um coração tão enegrecido nunca conhecerá a
paz, porque esta habita apenas nas almas despojadas. Quem nada deseja, nada
perde e, portanto, sempre alcança. E viver nesta tranquilidade e com esta
despreocupação é um dos maiores bens que se pode alcançar, porque atualmente, uma
boa saúde mental não é apenas desejo, é privilégio.
Que os deuses me
continuem a bafejar com pouca libido para questões mesquinhas e me encham de
paixão para o que vale a pena. Assim, pode ser que me continuem a surgir versos
enquanto caminho, lavo pratos ou passo a ferro. Continuem a bafejar-me com o
sopro da sorte, que me retira da aborrecida realidade e do mundo cruel para me
permitir a emoção, sem perturbação, perante a beleza das coisas inúteis.
Bom domingo, sem mesquinhez.
Nina M.
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