C’est fini!
Terminou a participação portuguesa no
campeonato europeu de futebol. Portugal foi eliminado pela França, nas grandes
penalidades, após um jogo equilibrado e muito cauteloso, de parte a parte.
Talvez tenha sido a pior França dos últimos anos e Portugal não foi capaz de
matar o jogo, nas oportunidades que criou. Caso tivéssemos passado, teríamos de
nos bater com a Espanha, que tem sido a seleção com melhor desempenho, até ao momento.
Terminou a caminhada da seleção,
neste campeonato europeu, mas para alguns a despedida terá sido mais longa. Provavelmente,
terá sido a última participação de Ronaldo e creio que, certamente, terá sido a
última participação de Pepe.
Aprende-se mais com as derrotas e com
os fracassos do que com as vitórias, mas ninguém quer perder… Está na altura de
Portugal se conseguir afirmar, verdadeiramente, no futebol europeu. Sobeja quase
sempre uma sensação de ficar aquém nas suas prestações, gozando de um certo
estatuto pelo facto de termos muitos jogadores em boas equipas estrangeiras,
mas que não se assume nem se consolida. Mesmo o campeonato europeu ganho em
2016, foi sofrido e com exibições sofríveis… Tal facto, dificilmente, se
compreende, quando há nomes sonantes na equipa. Nitidamente, houve jogadores influentes
nas suas equipas que estiveram apagados, dada a sua má condição física, que
acusava o cansaço de uma época exigente. Porém, se isto é verdadeiro para os
portugueses, também o é para os outros que se encontram nas mesmas
circunstâncias… Não sei o que se poderia ter feito, mas creio que a seleção
deveria ter jogado melhor e penso que esta ideia será mais ou menos consensual.
Há que retirar do momento as ilações necessárias e trabalhar para melhorar o
que é preciso.
No meio da tristeza, há uma imagem
bela, cheia de ternura e comovente. As lágrimas de Pepe e o abraço apertado
entre esta máquina de quarenta e um anos e o herói em declínio, Cristiano
Ronaldo. Foram colegas de equipa no Real Madrid, são dois grandes nomes do
futebol mundial e são ambos portugueses, o que nos deixa orgulhosos. O Pepe,
para mim, é tão português ou mais do que qualquer outro. Tem a particularidade
de não o ser por mero acidente geográfico, como acontece com qualquer cidadão,
mas por escolha sua, o que ainda é mais assinalável. Pepe quis devolver ao país
que o acolheu, formou e que lhe permitiu desenvolver uma carreira futebolística
o melhor de si e conseguiu. Deixou tudo em campo e as lágrimas representam a
tristeza de quem sabe ter dado tudo e, mesmo assim, não ter sido suficiente. O
rapaz que chegou ao aeroporto, vindo do Brasil, com cinco euros no bolso e teve
de escolher entre telefonar à mãe ou comer… Telefonou e ficou com fome. Pediu
um pão, porque estava faminto, mas não tinha dinheiro para pagar.
Ofereceram-lhe duas baguetes e, com este gesto, fizeram do Pepe português para
sempre. Deram-lhe pão e ganharam-lhe o coração. Pepe foi um dos grandes desta
seleção e é um prazer vê-lo jogar daquela forma, com aquela entrega e
tenacidade, com a disponibilidade física que revela. Um portento! O melhor
central português de sempre.
Quanto ao Ronaldo, já não tem nada a
provar. Mantém a vontade e o gosto, é também exemplo de entrega, de paixão pelo
futebol e pela seleção, de trabalho e de rigor, mas a capacidade física já não
ajuda. O Ronaldo não deveria jogar os 90 minutos, porque não tem a frescura
física de outrora. Perdeu a força explosiva e a velocidade que um dia já teve e
é normal que assim seja. Dizer isto, não é estar contra o capitão, mas antes
preservar-lhe a imagem, o estatuto e não manchar a sua brilhante carreira.
Acredito que Cristiano seja uma peça fundamental no balneário, tal como Pepe.
São exemplos a seguir e vozes de comando. Pois assim seja, mas alguém o ajude a
aceitar os efeitos da passagem do tempo. Há quem lhe ande a vestir o fato de
vilão, que não assenta a quem já foi herói. CR7 merece sair em glória pelo tanto
que já deu, tal como Pepe. Não merece ser achincalhado nem que sobre ele
recaiam todos os males da seleção. Merece o respeito e a gratidão de todos, mas
deve fazer uma reflexão séria sobre o final da sua carreira, que se avizinha e
se adivinha.
Quanto aos outros, o futuro
pertence-lhes. Coloquem os olhos na vontade e no espírito de sacrifício que os
mais velhos da equipa revelam e sigam-lhes as pisadas.
Obrigada, rapazes.
Nina M.
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