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domingo, 28 de julho de 2024

Sacramento

Sobre a ara fria de um altar
Repousa corpo e alma na escuridão
Trespassados pelo brilho de um luar
A dar voz assim ao coração

Cálida a noite sobre a pele
Um fremir na agitação de um espasmo
A solidão pede à noite que a vele
E lhe empreste todo o seu entusiasmo

Sai grávida de esperança pela aurora
Segura de um instante de felicidade
A solidão é uma menina que chora
Ciente da sua vulnerabilidade

Nessa aliança noturna
De solidão encontrada
Ilumina o luar a alma
Não a quer amargurada











sábado, 27 de julho de 2024

Crónica de Maus Costumes 384

 

Cheiro a férias e a maresia…

            Aproximam-se as férias. Com elas, chega o cheiro do verão, da maresia, do sol quente, da relva molhada depois da rega, do ar tépido de fim de tarde que inspira a rua.

            No verão, gosto do café matinal em silêncio, no exterior, na mesa sob o alpendre. Também se almoça e janta nesse espaço, se o tempo permitir… Gosto de uma caminhada matinal e também noturna para aligeirar o jantar, acompanhada pelo coaxar das rãs ou o canto das cigarras… A título de curiosidade, este inseto não produz o som com a boca. Trata-se de um ritual de acasalamento e o ruído é produzido pelo esfregar das asas no próprio corpo, na tentativa de atrair a fêmea, que é bastante mais discreta e menos barulhenta. Atividade que fazem sob o luar quente do verão.

Há quem prefira a nostalgia que o outono convoca, ao trazer as primeiras chuvas, mas eu sou solar e aprecio acordar com um céu límpido e absolutamente azul, que traz a boa disposição e a energia. Obviamente, não são só virtudes… O verão também traz a festas de rua, os DJ’s insanos que massacram a população até 04h00 da manhã para gáudio dos mais jovens e irritação dos mais velhos, os ensaios de bombos que massacram os ouvidos e todas as oportunidades para aglomerar povo nas ruas, sem sentido nem virtude… As cidades copiam umas pelas outras e todas têm a sua “noite branca” (para mim poderia ser preta, seria igual…), “feira medieval”, mesmo que não haja castelo, enfim, interessa é arranjar motivo para a festa que o povo gosta … Pão e circo, sentenciou o poeta romano Juvenal e com razão… No entanto, só para ter o prazer de não sentir frio, mesmo estando de pele ao léu, de ter os pés sempre quentes, de sentir o ar morno pela manhã, de poder mergulhar no oceano e pousar os pés na areia, de pensar como uma cerveja bem fresca pode saber tão bem, vale a pena aguentar algum ruído…

O verão convida à alegria… Os miúdos traçam planos e observá-los é recuar à minha infância e a Mindelo, aos amigos da praia, aos saltos nas dunas, à exploração dos rochedos, às longas caminhadas junto à água para preencher as horas e finalmente poder ir ao mar (naquele tempo, a temperatura da água não me desencorajava), com sorte um geladito e a habitual melancia ou melão, o pão bijou cozido em forno de lenha e que a mãe comprava aos trinta… A praia era a melhor vitamina para abrir o apetite e o cheiro matinal a maresia, por força do iodo, ainda me agarra…

O verão combina com descontração e abrandamento, com leituras, com recuperação de forças e vontades, por vezes, com ciclos que se fecham para que outros se abram…

Chegou o verão e chegaram as férias… Chegou o tempo de descanso e de pousio da rubrica “Crónica de Maus Costumes”. Chegou o mês da desintoxicação e da quebra da rotina para todos. Aproveitai muito e, se tudo correr bem, encontrar-nos-emos em setembro. Boas férias!

 

Nina M.

sábado, 20 de julho de 2024

Crónica de Maus Costumes 383

 

Os nossos mortos

               O senhor Francisco partiu para a sua última viagem. O senhor Francisco é o senhor meu sogro. Uso o presente porque deveria ser desta forma que deveríamos falar dos nossos mortos.

Vi partir o meu avô António, quando apenas tinha cinco anos e ainda não havia capelas mortuárias. Os mortos eram velados em casa. Lembro-me do avô António na sala. O meu primeiro morto. Cinco anos depois, foi a avó Matilde. Não a vi sem vida, mas vi-a muito doente, acamada, já a definhar e a soro. Depois, seguiram-se os avós paternos, tios e a matriarca que ficou a cumprir o papel que já havia sido da sua mãe. A morte anda de mãos dadas com a vida. É olhada com desconfiança e desagrado e, no entanto, há situações em que é o melhor que poderia acontecer ao ser humano. Ler “Intermitências da Morte”, de Saramago, é compreender que a passagem é fundamental e que a ideia de imortalidade, afinal, talvez não seja assim tão boa.

Não pretendo um texto triste nem tecer grandes considerações sobre o absurdo que pode ser a existência humana se não lhe encontramos sentido e, mesmo encontrando, vá-se lá saber…

Quero fixar o senhor Francisco no tempo, conferindo-lhe a eternidade possível, através de algumas palavras…

Homem calado e circunspeto, sempre nos recebia com um sorriso no olhar, acompanhado da pergunta: “Então, hoje viestes por cá? Está bem…”

Creio que das vezes que o presenciei mais falador foi num dia em que lhe comecei a fazer perguntas sobre o serviço militar. Como tantos outros, tinha estado em Angola, mas dizia, com satisfação, que não passou muito mal, visto que era cozinheiro. Lembro que me contou algumas peripécias para poder arranjar determinados produtos, mas que fome não tinha passado. A cozinha era um bom lugar para se sobreviver.

 Gostava da barba desfeita, do cabelo aparado, tinha boa memória e sentido de humor.

Certo dia, o filho decidiu dar-lhe a máquina elétrica de barbear que não usava, por não gostar. Explicava que lhe deixava a pele queimada, de modo que se o pai se desse bem, poderia ficar com o aparelho. O senhor Francisco perscrutou-o por segundos e não respondeu se gostava ou não de se barbear com máquina. Olhou para o filho que trazia barba de dias e apenas respondeu, tranquilamente, e com alguma ironia: “E de gilete também não…”. Rimos do chiste, obviamente.

Com fama de teimoso, para não ouvir as imprecações da esposa, porque era fraco de coração e de pulmões, refugiava-se… Na verdade, escondia-se para fumar o seu cigarrito e beber o seu copito, sem ter de ouvir a mulher a resmungar (com toda a razão) que lhe fazia mal e que ele não tinha juízo nenhum e que dava cabo da saúde. Evidentemente, não conseguia enganar ninguém, mas fazia ouvidos de mercador. Creio que era um pouco assim… Deixava que falassem, poucas vezes responderia, mas fazia sempre como lhe apetecia. Foi teimoso também na hora da partida… Creio que a morte se viu obrigada a negociar com ele. Já tinha tentado levá-lo uma vez, há oito anos, através de uma infeção hospitalar, mas não foi capaz, porque ele resistiu. Baixo e magrinho, mas com uma resistência assinalável… Desta vez, o senhor Francisco não conseguiu ficar por cá mais tempo, mas obrigou-a a uma negociação dura. Talvez como fazia com os outros… Sem grandes palavras, mas sempre à sua maneira.

Descanse em paz, senhor Francisco, e talvez um dia, volte a perguntar “Viestes por cá, hoje? Então, está bem…”

 

Nina M.

terça-feira, 16 de julho de 2024

Fim

 Vi-te de perto

Nos olhos baços e sem cor

Apoderas-te do corpo

Torna-lo rígido e inerte

Sem movimento e sem vontade

Tornas o rosto macilento

Desfiguras a beleza e a feiura

Febril invades as veias e os ossos

Numa prepotência insalubre

Num desafio de jogo perdido

Antes de começado  

Há quem te enfrente

Te rebata e recuse a paz anunciada

Numa teimosia de quem sabe que perdeu

Mas que insiste que não lhe roubarás

A alma até te darem permissão 





sábado, 13 de julho de 2024

Crónica de Maus Costumes 382

 

Colocações e desesperos

            Os professores são uma classe estranha… Apesar de saberem que os resultados dos concursos não saíam antes do final de julho, andavam absolutamente angustiados, agoniados, de meter dó! Todos os dias nas redes sociais as publicações caíam que nem chuva para lamentarem a ausência das famigeradas listas de colocação e, sarcasticamente, zurziam no ministério e no ministro contra a falta de respeito para com a classe! Conseguiram enervar um santo e todos aqueles que, tal como eu, aguardam pacientemente, sem pressas e sem angústias, porque sabem que “enquanto o pau vai e vem folgam as costas”, como diz o aforismo. Enquanto as malfadadas não saem, também nada de mal acontece…

            Bem… Surpreendentemente, antes de dia 15 de julho e com direito a tratamento VIP, os professores receberam a informação por mensagem escrita de que tinham ficado colocados na escola X, Y ou Z. Ela não chegou para todos ao mesmo tempo, mas chegou… Só pecava por indicar o código em vez do nome da escola… Obrigava a consultar a lista de códigos da escola, valha-me Deus! Ainda não vi nenhum professor a louvar o gesto e ficar-lhes-ia bem…

            Logicamente, aconteceu de tudo: gente feliz com lágrimas e gente triste com lágrimas também… Houve mais felizes do que tristes, ditou-me a perceção…

            Calhou-me em sorte efetivar. Ficar com a escola que dista exatamente 900 metros de casa, onde estudei, onde já lecionei, onde estuda a filha, mas obriga-me a deixar aquela em que estou colocada há nove anos, aquela que sinto já como a minha casa, aquela onde já muito dei de mim aos alunos, à estrutura, à casa, bem ou mal, mas sempre com a minha ética profissional… Ainda não me mentalizei de que tenho de ir esvaziar o cacifo…

- Dona Cristina, guarde lá o 28 mais umas temporadas, por favor… Até setembro… A ver… Um cacifo tão bom… No mesmo plano do olhar e que não me obriga a vergar as costas…

            É com muita tristeza que saio. E depois, nem a filha quer a mãe na sua escola e a mãe também nunca quis estar na mesma escola dos filhos… É melhor para todos os intervenientes…

De qualquer forma, não quero que seja uma crónica triste. É uma crónica de despedida, é certo, mas sobretudo de gratidão. Agradeço aos órgãos de gestão que sempre me receberam bem, que sempre mostraram confiança no meu trabalho, que sempre souberam compreender as falhas quando existiram. Espero que não tenham sido em demasia, mas terão sido, certamente, mais do que as que eu queria. Ainda me rio sozinha quando me lembro do episódio em que enlouqueci, sem querer, o Rocha… Desculpa, mais uma vez, Joaquim… Na pandemia, porque li um documento na diagonal e não retive corretamente a informação, tratei de mandar os miúdos para casa para terem as aulas de preparação para o exame e, afinal, tinham de ficar na sala. E o Joaquim tentou alertar-me que o Brandão ia à sala, mas eu sem perceber patavina… A questionar-me sobre o motivo pelo qual o Brandão iria à sala, se não percebia nada de Matemática! O Rocha não devia estar bom!... A canalha tinha era que ir depressa para casa, depois da minha aula, para assistir à aula on-line! Ainda choro a rir… Imagino o que o Rocha lhe apeteceu fazer… Juro que foi sem querer e muito bem-intencionada, Joaquim… Também admito de imediato quando falho e pedi desculpa, assim que me apercebi do erro… Certamente, outras falhas terão acontecido… Não porque quisesse, mas porque sou humana e absolutamente falível… Uma palavra de agradecimento pela cordialidade, acolhimento, empatia e disponibilidade da senhora diretora, Ernestina Sousa. Uma líder incansável. Paula carvalho, aquele sorriso largo e a frase de boa disposição com que sempre me recebe, quando bato e entreabro a porta, com a cabeça a espreitar para saber se posso interromper, quando preciso…

Aos colegas que sempre me acompanharam e aos que foram chegando, uns mais outros menos, como é de esperar numa grande organização, grata pela boa companhia, pela boa disposição, pelas gargalhadas e para alguns, muito, muito grata pelo carinho com que me tratam e pelas boas conversas. Para todas as minhas coordenadoras, incluindo as que já saíram e, sobretudo, para a atual, Hiolanda Esteves, obrigada pela amizade, obrigada pela confiança, obrigada pelo reconhecimento e pela valorização do meu trabalho e das minhas competências. Fiz o meu melhor para ajudar na coordenação do Departamento e sei que não desiludi. Abraço apertado aos elementos deste departamento. Um especial para todos os professores que tinham a seu cargo secundário, com quem formava equipa de trabalho e que grupo de excelência!

Aos funcionários, os nossos braços direitos e esquerdos, os que estão sempre disponíveis para nos ajudar, a minha gratidão… Senhor Júlio! Nunca esquecerei a forma inusitada como descobri quem era o chefe dos funcionários, o senhor Júlio, mas não vou contar aqui! O desenrasca tudo da escola!

Por fim, a todos os alunos com quem me cruzei, mas em especial os que terminaram este ano o décimo segundo e que começaram a caminhada comigo, no sétimo, um abraço apertado e votos de sucesso. De vós, já me tinha despedido.

À Mário Fonseca, para onde se vai trabalhar com alegria, uma palavra de gratidão por estes nove anos de crescimento profissional, de inspiração e de motivação. Que possa ser um até breve…

Bem-haja!

 

Nina M.

 

P.S. Para os que lá agora ficaram e pensam sair, se porventura tal relato vos chegar aos olhos, não acreditem em tudo o que leem nas redes sociais! Quem avisa amigo é!

 

 

 

 

           

 

 

 

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Sofreguidão


Abraça o sol a lua

A sua sombra completa

Com pressa da noite

Mesmo que desapareça 


Eclipse lunar

Fugidio

Um momento

Regressa a lua

Ao seu lugar


Eterna

No abraço 

O alento


sábado, 6 de julho de 2024

Crónica de Maus Costumes 381

 

C’est fini!

Terminou a participação portuguesa no campeonato europeu de futebol. Portugal foi eliminado pela França, nas grandes penalidades, após um jogo equilibrado e muito cauteloso, de parte a parte. Talvez tenha sido a pior França dos últimos anos e Portugal não foi capaz de matar o jogo, nas oportunidades que criou. Caso tivéssemos passado, teríamos de nos bater com a Espanha, que tem sido a seleção com melhor desempenho, até ao momento.

Terminou a caminhada da seleção, neste campeonato europeu, mas para alguns a despedida terá sido mais longa. Provavelmente, terá sido a última participação de Ronaldo e creio que, certamente, terá sido a última participação de Pepe.

Aprende-se mais com as derrotas e com os fracassos do que com as vitórias, mas ninguém quer perder… Está na altura de Portugal se conseguir afirmar, verdadeiramente, no futebol europeu. Sobeja quase sempre uma sensação de ficar aquém nas suas prestações, gozando de um certo estatuto pelo facto de termos muitos jogadores em boas equipas estrangeiras, mas que não se assume nem se consolida. Mesmo o campeonato europeu ganho em 2016, foi sofrido e com exibições sofríveis… Tal facto, dificilmente, se compreende, quando há nomes sonantes na equipa. Nitidamente, houve jogadores influentes nas suas equipas que estiveram apagados, dada a sua má condição física, que acusava o cansaço de uma época exigente. Porém, se isto é verdadeiro para os portugueses, também o é para os outros que se encontram nas mesmas circunstâncias… Não sei o que se poderia ter feito, mas creio que a seleção deveria ter jogado melhor e penso que esta ideia será mais ou menos consensual. Há que retirar do momento as ilações necessárias e trabalhar para melhorar o que é preciso.

No meio da tristeza, há uma imagem bela, cheia de ternura e comovente. As lágrimas de Pepe e o abraço apertado entre esta máquina de quarenta e um anos e o herói em declínio, Cristiano Ronaldo. Foram colegas de equipa no Real Madrid, são dois grandes nomes do futebol mundial e são ambos portugueses, o que nos deixa orgulhosos. O Pepe, para mim, é tão português ou mais do que qualquer outro. Tem a particularidade de não o ser por mero acidente geográfico, como acontece com qualquer cidadão, mas por escolha sua, o que ainda é mais assinalável. Pepe quis devolver ao país que o acolheu, formou e que lhe permitiu desenvolver uma carreira futebolística o melhor de si e conseguiu. Deixou tudo em campo e as lágrimas representam a tristeza de quem sabe ter dado tudo e, mesmo assim, não ter sido suficiente. O rapaz que chegou ao aeroporto, vindo do Brasil, com cinco euros no bolso e teve de escolher entre telefonar à mãe ou comer… Telefonou e ficou com fome. Pediu um pão, porque estava faminto, mas não tinha dinheiro para pagar. Ofereceram-lhe duas baguetes e, com este gesto, fizeram do Pepe português para sempre. Deram-lhe pão e ganharam-lhe o coração. Pepe foi um dos grandes desta seleção e é um prazer vê-lo jogar daquela forma, com aquela entrega e tenacidade, com a disponibilidade física que revela. Um portento! O melhor central português de sempre.

Quanto ao Ronaldo, já não tem nada a provar. Mantém a vontade e o gosto, é também exemplo de entrega, de paixão pelo futebol e pela seleção, de trabalho e de rigor, mas a capacidade física já não ajuda. O Ronaldo não deveria jogar os 90 minutos, porque não tem a frescura física de outrora. Perdeu a força explosiva e a velocidade que um dia já teve e é normal que assim seja. Dizer isto, não é estar contra o capitão, mas antes preservar-lhe a imagem, o estatuto e não manchar a sua brilhante carreira. Acredito que Cristiano seja uma peça fundamental no balneário, tal como Pepe. São exemplos a seguir e vozes de comando. Pois assim seja, mas alguém o ajude a aceitar os efeitos da passagem do tempo. Há quem lhe ande a vestir o fato de vilão, que não assenta a quem já foi herói. CR7 merece sair em glória pelo tanto que já deu, tal como Pepe. Não merece ser achincalhado nem que sobre ele recaiam todos os males da seleção. Merece o respeito e a gratidão de todos, mas deve fazer uma reflexão séria sobre o final da sua carreira, que se avizinha e se adivinha.

Quanto aos outros, o futuro pertence-lhes. Coloquem os olhos na vontade e no espírito de sacrifício que os mais velhos da equipa revelam e sigam-lhes as pisadas.

Obrigada, rapazes.

 

Nina M.

           

 

 

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Bonina

 Olho as pétalas exangues

Outrora rosadas. Vivas.

Agora pálidas. Marcendas.


A bonina a ensinar 

A vida e a morte


Sempre há felicidade triste

Por detrás do resplandecente

Rosado


A certeza pura

De que cedinho, já, já,

É rosa desmaiado...