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segunda-feira, 27 de maio de 2024

Cansaços

Gostaria de não me cansar
De não me irritar com os nadas
Do dia que passa
Da rotina que avassala e amarrota
A alma quando não lhe deixa espaço
Para ser e sossegar na tranquilidade
De águas calmas como a suspender o tempo
Um dia morreremos e levaremos connosco
Os dias rotineiros tão cheios de vazio
Perguntaremos pelos livros não lidos
Pelos poemas por escrever e pelo romance iniciado e fechado na gaveta
À espera de um dia rotineiro
Feito de alma e de escrita
Morreremos estúpidos bichos desfeitos
A perguntar pelos encontros esquecidos
Morreremos asfixiados pelo paradoxo de o sabermos e de sermos incompetentes
Incapazes de contrariar o moinho da vida.
Ainda vivos e já farinha triturada
Fruto da imbecilidade
Sossega, aconselham os sábios,
Amanhã, já passou. Tudo passa.
Exceto quando não passa e um estertor
Obriga à pausa, mas já inócua
Improdutiva por força da exaustão.
A doença do século é a imbecilidade consciente.

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