Em defesa de Joana Marques
O subtítulo
da crónica, talvez, não seja adequado, porque a Joana não precisa que a
defendam. Aliás, a humorista ignora totalmente a existência de uma Nina M.,
pelo que estas palavras serão do seu total desconhecimento. No entanto,
apetece-me dedicar algum do meu tempo a elogiar esta mulher, concentradinha num
metro e cinquenta e três, que consegue colocar as redes sociais em polvorosa.
Para quem
possa desconhecer, a Joana Marques é filha do historiador e escritor João Pedro
Marques. Do pai, li o seu romance Uma fazenda em África, com o qual
aprendi a conhecer os primórdios do colonialismo português em Moçâmedes,
Angola, uma terra, então, inóspita e cheia de perigos. São os colonos vindos do
Brasil, desiludidos, que ensaiam uma nova oportunidade, em terras africanas. A
incompreensão, a deslealdade, a ganância, o poder, a lealdade, a frustração, a
vaidade e o amor são temas que atravessam o romance. Para muitos desses
colonizadores, África foi um mundo incompreensível e cruel.
A Joana tem a marca dos bons genes. Ela é uma das guionistas que
integra a equipa que escreve os textos que o Ricardo Araújo apresenta na
rubrica Isto é gozar com quem trabalha. Para além disso, a Joana é locutora
na Renascença, juntamente com a Ana Galvão e a Inês Lopes Gonçalves, responsáveis
pelo programa As três da manhã, no qual se integra a rubrica Extremamente
desagradável e que dá que falar da radialista, em termos desagradáveis, nas
redes sociais. A Joana é frequentemente insultada, acusada de bullying,
de não ter piada, pois à luz desses críticos, apenas sabe ofender e achincalhar
os outros.
Eu gosto da
Joana. Desde logo, é uma lisboeta portista, o que já é suficiente para chamar a
minha atenção, depois, é inteligente e perspicaz, elevando o humor a outro
patamar. Gabo-lhe a paciência que revela para ouvir e ver todo o género de supostas
figuras públicas e certos programas para apresenta as suas rubricas
extremamente desagradáveis. A ironia e a piada da rubrica começam imediatamente
com o título escolhido, porém, não é a Joana quem é desagradável, mas antes a
maioria das personalidades com quem ela faz humor.
Vejamos, há
quem a deteste, afirmando que o que ela faz é bullying! Pois bem, é
exatamente o inverso! Mal é o que essas personalidades fazem ao não se coibirem
de dizer uma torrente de asneiras! A Joana não pode ser responsabilizada pela
idiotice alheia! Ela apenas a expõe! Na verdade, a locutora nem precisa de
muita criatividade para a construção da sua rubrica, porque as pessoas
entregam-lhe o material pronto a consumir. É verdade que ela, coitada, precisa
de uma paciência imensa para ouvir tanto disparate e insanidade, para depois
fazer a triagem e alinhavar aquilo tudo! Como pode a Joana fazer bullying,
se ela se limita a pegar nas declarações das próprias pessoas e apenas mostra o
ridículo em que estas caíram?
Ora, não é a Joana que é má! São certas
pessoas que não passam de gente inflada e oca, mas que se julga uma
especialidade, quando apenas dizem banalidades e parvoíces, que a humorista
sabe, exemplarmente e desagradavelmente, dissecar!
Se não fosse a Joana, ninguém sabia
quem eram a Yolanda Tati, o Rafael Alex e outros que tais! Eu pelo menos, não
saberia… Continuo sem saber muito bem, porque após a rubrica, então é que fujo
a sete pés dessa gente, mas enquanto ouço, rio-me bem!
O verdadeiro problema da Joana é a
coragem que ela revela ao fazer humor com gente influente do entretenimento, sem
impor barreiras nem usar de paninhos quentes, tratando-os como a qualquer
desconhecido. É isto que, fundamentalmente, não lhe perdoam.
A azia, o Compensan resolve, para
a incapacidade de se rir de si mesmo não sei o que recomende, talvez uns
episódios do Extremamente desagradável ensinem alguns a terem noção do
ridículo.
Nina M.
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