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sábado, 18 de fevereiro de 2023

Crónica de Maus Costumes 312

 Manifestação e Cultura

Dizem não haver duas sem três, nem três sem quatro. Entendo que já é tempo de o senhor ministro da educação e respetivo Governo deixarem de fazer ouvidos de mercador. Se a estratégia passou por vencer os professores pelo cansaço, creio que os mais de cento e cinquenta mil que se fizeram ver e ouvir não podem ser ignorados.
Julgo que nenhum dos presentes tem um particular interesse em regressar a Lisboa, mas também não podemos abdicar dos nossos direitos, pelo que se não nos restar alternativa, cá regressaremos. Quem vem quatro vem cinco, só não pode permitir que o desrespeito pela classe e a consequente desvalorização continue a ser uma realidade.
Hoje, a manifestação foi um pouco diferente. Senti menos ruído e o fôlego foi menor. O canto não foi tão exaltado. Talvez, porque a experiência deixou de ser inédita, mas a vontade de alcançar os objetivos pretendidos não esmoreceu.
O certo é que já tendo segurado a faixa por três vezes, a descida da avenida acabou por se tornar uma experiência estética. Foi possível ler as inscrições da estátua do Marquês de Pombal, apreciar a beleza dos edifícios, atentar nas inscrições do obelisco referente à batalha de Montes Claros e pensar que o Terreiro do Paço ou Praça do Comércio me lembra a Plaza Maior madrilena. Não me lembrei de dizer aos espanhóis do Erasmus, que nos acompanharam na manifestação, que o obelisco relembra a coça dada aos castelhanos... Apeteceu-me inúmeras vezes fugir pelas vielas da capital para poder fruir a sua beleza, poder sentar-me na Brasileira, no Martinho ou no Leão de Ouro e imaginar-me à conversa ou somente a ouvir os grandes intelectuais e artistas do século passado.
Vir a Lisboa para me manifestar, sem poder apreciar com calma a beleza que a capital tem para oferecer, deixa-me um bocadinho frustrada. Reparei melhor na estátua do Terreiro do Paço, sobretudo no elefante que a ladeava e, por momentos, questionei-me se podia ser o que fora oferecido ao rei D. João III, que por sua vez ofertou o paquiderme ao rei de Áustria, Maximiliano II, como presente de casamento. Uma pesquisa rápida permitiu perceber que não, já que a estátua equestre é de D. José I.
Lembrei-me de que ainda não subi ao castelo de S. Jorge e que ainda não entrei no Museu do Chiado ou no Palácio da Ajuda...
Ora bem, se houver próxima, terei que pensar em organizar, em simultâneo, uma visita de estudo para professores... Se o senhor ministro das finanças ajudasse, quem sabe se os professores poderiam saber o que é passar uma noite no Ritz!
Eu gostaria.
Nina M.

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