Rompe-me as veias este cinismo
Dorido, desencantado e sarcástico
Torna-me descrente e cego
A qualquer ato de fé
E eu que sempre juro
A ele não me render
Vejo-me agastado e penitente
Quase vencido e a sofrer
Dorido, desencantado e sarcástico
Torna-me descrente e cego
A qualquer ato de fé
E eu que sempre juro
A ele não me render
Vejo-me agastado e penitente
Quase vencido e a sofrer
Conheço todos os quase da vida
A meio caminho de tudo
A meio caminho de tudo
Quase feliz quase sereno
Quase cumprido
Rompem-se as ilusões na esquina
De um abismo que sempre quis
Rompem-se as ilusões na esquina
De um abismo que sempre quis
E de um quase nada feito
Sem virtude nem engano
Sem virtude nem engano
Estala em mim este cinismo
Que me embala e causa dano
Prossegue o mundo na sua calha
Alheio a toda a razão
A justiça que se tarda
Envenena o coração
Prossegue o mundo na sua calha
Alheio a toda a razão
A justiça que se tarda
Envenena o coração
O amor, o seu antídoto,
Ao vê-lo assim instalado
Ao vê-lo assim instalado
Parece ter-se perdido
Sem rumo em qualquer estrada
Vagueia, assim, livremente
O cinismo impenitente
A castigar o poeta
O mundo e a sua gente
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