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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

O cinismo do poeta

Rompe-me as veias este cinismo
Dorido, desencantado e sarcástico 
Torna-me descrente e cego
A qualquer ato de fé
E eu que sempre juro 
A ele não me render
Vejo-me agastado e penitente
Quase vencido e a sofrer

Conheço todos os quase da vida
A meio caminho de tudo
Quase feliz quase sereno
Quase cumprido
Rompem-se as ilusões na esquina
De um abismo que sempre quis

E de um quase nada feito
Sem virtude nem engano
Estala em mim este cinismo
Que me embala e causa dano
Prossegue o mundo na sua calha
Alheio a toda a razão
A justiça que se tarda
Envenena o coração

O amor, o seu antídoto,
Ao vê-lo assim instalado
Parece ter-se perdido
Sem rumo em qualquer estrada
Vagueia, assim, livremente
O cinismo impenitente
A castigar o poeta
O mundo e a sua gente


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