Quem me pudera ver neste mundo desorientado
Senão eu, com estes meus olhos?
Ver sem ser de olhar distraído ou embriagado
Olhar seco, rude, num desconforto inconfesso
A apontar as arestas mesmo a contragosto
Da felicidade
Olhar de ver. De quem sabe que quem vê repara
Na miséria humana de imperfeição divina
Sem divindade.
Só os deuses podem ostentar a crueldade!
(Praticam-na ufanos do seu poder)
Sobre os pobres mortais terrenos
Pedaços de carne perecível e gasta
Que lhes copiaram os defeitos!
Imbecis ingénuos!
Os vícios, mesmo os amaldiçoados,
São perdoáveis aos deuses
E à sua vaidade
Não aos homens. Não à sua fragilidade.
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