Vacinas e eleições
Antes de mais, desejo um bom ano a
todos. Diz o adágio que em ano novo, vida nova e eu gostaria bem que assim
fosse, para melhor, porém, o meu ceticismo não me permite acreditar muito
nisso.
Há alguns temas quentes na ordem da
semana. Sobre a vacinação dos professores e dos funcionários não me alongarei
muito, pois já fiz as minhas considerações noutro registo escrito. Há gente que
se diverte a escrever umas coisas… Enfim, cada maluco com a sua mania…
Pois bem, para que não surjam dúvidas, eu sou
a favor das vacinas (destas últimas e das tradicionais), já que acredito na
comunidade científica e nos médicos (mais do que nos políticos) e não me revejo
em teorias globais da conspiração em que uma nova ordem ou grupo secreto
pretende dominar o mundo… Há enormes lobbies
económicos, logicamente. É óbvio que as farmacêuticas têm lucros imensos, mas
também os têm todas as empresas ligadas às tecnologias e ninguém se preocupa
muito com isso, mesmo que façam de nós produtos e vendam os nossos dados. É o
preço a pagar pela evolução e pela existência de medicamentos e de vacinas que
permitem que a longevidade do ser humano atinja patamares que no início do
século XX eram improváveis. Também a duração do ser humano traz outros
problemas associados e que necessariamente terão de ser resolvidos, até porque o
planeta tem recursos limitados. Certo é que o vírus surgiu e causou uma
mortandade brutal. Não foi a primeira pandemia e não será a última e se ainda
não foi debelada, os seus efeitos mais nefastos foram reduzidos a partir do
momento em que as vacinas apareceram. Se a comunidade científica garante que as
vacinas são seguras e que os seus possíveis efeitos secundários são residuais, eu
acredito. Se duvidar da ciência acreditarei em quê e em quem?! Espero que isto
nos permita a liberdade de ação e a retoma económica tão necessária ao país.
Não há firme política social sem uma boa estrutura económica, porque para poder
dar é preciso ter. Também assim é na nossa casa. Cada um só pode dar o que
possui, amor inclusive.
Logicamente,
é impensável falar do país, sem falar das eleições que se avizinham e eu espero
que as entrevistas que ainda se vão realizar aos líderes políticos se pautem
pelo rigor e pelo esclarecimento dos programas de cada um. Já não há paciência
para os ataques pessoais e tentativas de granjear votos com essa estratégia que
não tem nada de elucidativa. Devo dizer que dos que assisti, o Rui Tavares tem
feito a diferença nesse sentido e o confronto político com o Rui Rio foi do
melhor a que se assistiu até ao momento. São duas personalidades que não se
encaixam no perfil do político hodierno, que gosta mais do ruído e da
desinformação, pelo que as ideias que cada um tem para o país puderam ser
ouvidas, apesar do tempo demasiado escasso. Rui Tavares e Rui Rio estão nos
antípodas, no que concerne à política que preconizam, mas são ambos civilizados
e respeitadores e apresentaram algumas das suas linhas programáticas.
Francamente, esperava de António Costa uma postura semelhante e, ao contrário
do que alguns comentadores quiseram passar, ele não esteve nem melhor nem pior
do que André Ventura, ainda que este não tivesse estado tão agressivo quanto
lhe é habitual. Entrou no mesmo registo, colocou em evidência algumas das
contradições do senhor Ventura, mas também sofreu contra-ataques e seis anos de
governação e mais uns quantos de governo socrático deixam marcas… Fiquei
aborrecida e desiludida. De um primeiro-ministro espera-se um comportamento
diferente e institucional. Eu quero saber concretamente que medidas António
Costa pensa implementar no país, caso ganhe novamente. Também não gosto da
chantagem encapotada que faz aos portugueses, quando diz que se não vencer por
maioria se vai embora. Nem acredito nisso, embora insista que perdeu a
confiança para uma nova geringonça e que um entendimento com Rui Rio esteja
fora de questão... António Costa poderá efetivamente vencer, creio que
acontecerá, mas julgo que não terá a maioria que ambiciona e ainda bem. Os
portugueses não querem maiorias absolutas. Estamos perante um cenário que já
acontece há muitos anos na Europa, com uma votação espartilhada e os nossos
políticos não querem perceber. Só têm de fazer valer a democracia e respeitar a
vontade legítima do povo. Deixem-se de fitas partidárias, sentem-se e cheguem a
consensos em prol da nação e dos seus cidadãos.
Aguardo
os próximos diálogos e espero que possam ser mais esclarecedores e edificantes
e não uma mera troca de galhardetes…
À comunicação
social não lhe ficaria mal verdadeira isenção, independentemente de se gostar ou
não do candidato ou da ideologia que ele representa. Não o fazer tem um efeito perverso
e contrário. Por isso mesmo, destaco o painel composto por Maria João Avillez, Pedro
Santos Guerreiro e João Pedro Henriques, que souberam fazer comentário político
de forma isenta e pouco inflamada.
Aguardo
o confronto mais esperado, entre Costa e Rio. Espero que não me desiludam. Os líderes
dos dois partidos mais votados devem estar à altura dos desafios. Concentrem-se
nos programas de cada um e elucidem-nos sobre as diferenças e as ideias que têm
para o país, por favor.
Já gora,
honestidade, também se pede. De falsas promessas e de boas intenções anda o inferno
cheio.
Nina M.
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