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sábado, 8 de janeiro de 2022

Crónica de Maus Costumes 260

 Vacinas e eleições

            Antes de mais, desejo um bom ano a todos. Diz o adágio que em ano novo, vida nova e eu gostaria bem que assim fosse, para melhor, porém, o meu ceticismo não me permite acreditar muito nisso.

            Há alguns temas quentes na ordem da semana. Sobre a vacinação dos professores e dos funcionários não me alongarei muito, pois já fiz as minhas considerações noutro registo escrito. Há gente que se diverte a escrever umas coisas… Enfim, cada maluco com a sua mania…

 Pois bem, para que não surjam dúvidas, eu sou a favor das vacinas (destas últimas e das tradicionais), já que acredito na comunidade científica e nos médicos (mais do que nos políticos) e não me revejo em teorias globais da conspiração em que uma nova ordem ou grupo secreto pretende dominar o mundo… Há enormes lobbies económicos, logicamente. É óbvio que as farmacêuticas têm lucros imensos, mas também os têm todas as empresas ligadas às tecnologias e ninguém se preocupa muito com isso, mesmo que façam de nós produtos e vendam os nossos dados. É o preço a pagar pela evolução e pela existência de medicamentos e de vacinas que permitem que a longevidade do ser humano atinja patamares que no início do século XX eram improváveis. Também a duração do ser humano traz outros problemas associados e que necessariamente terão de ser resolvidos, até porque o planeta tem recursos limitados. Certo é que o vírus surgiu e causou uma mortandade brutal. Não foi a primeira pandemia e não será a última e se ainda não foi debelada, os seus efeitos mais nefastos foram reduzidos a partir do momento em que as vacinas apareceram. Se a comunidade científica garante que as vacinas são seguras e que os seus possíveis efeitos secundários são residuais, eu acredito. Se duvidar da ciência acreditarei em quê e em quem?! Espero que isto nos permita a liberdade de ação e a retoma económica tão necessária ao país. Não há firme política social sem uma boa estrutura económica, porque para poder dar é preciso ter. Também assim é na nossa casa. Cada um só pode dar o que possui, amor inclusive.

Logicamente, é impensável falar do país, sem falar das eleições que se avizinham e eu espero que as entrevistas que ainda se vão realizar aos líderes políticos se pautem pelo rigor e pelo esclarecimento dos programas de cada um. Já não há paciência para os ataques pessoais e tentativas de granjear votos com essa estratégia que não tem nada de elucidativa. Devo dizer que dos que assisti, o Rui Tavares tem feito a diferença nesse sentido e o confronto político com o Rui Rio foi do melhor a que se assistiu até ao momento. São duas personalidades que não se encaixam no perfil do político hodierno, que gosta mais do ruído e da desinformação, pelo que as ideias que cada um tem para o país puderam ser ouvidas, apesar do tempo demasiado escasso. Rui Tavares e Rui Rio estão nos antípodas, no que concerne à política que preconizam, mas são ambos civilizados e respeitadores e apresentaram algumas das suas linhas programáticas. Francamente, esperava de António Costa uma postura semelhante e, ao contrário do que alguns comentadores quiseram passar, ele não esteve nem melhor nem pior do que André Ventura, ainda que este não tivesse estado tão agressivo quanto lhe é habitual. Entrou no mesmo registo, colocou em evidência algumas das contradições do senhor Ventura, mas também sofreu contra-ataques e seis anos de governação e mais uns quantos de governo socrático deixam marcas… Fiquei aborrecida e desiludida. De um primeiro-ministro espera-se um comportamento diferente e institucional. Eu quero saber concretamente que medidas António Costa pensa implementar no país, caso ganhe novamente. Também não gosto da chantagem encapotada que faz aos portugueses, quando diz que se não vencer por maioria se vai embora. Nem acredito nisso, embora insista que perdeu a confiança para uma nova geringonça e que um entendimento com Rui Rio esteja fora de questão... António Costa poderá efetivamente vencer, creio que acontecerá, mas julgo que não terá a maioria que ambiciona e ainda bem. Os portugueses não querem maiorias absolutas. Estamos perante um cenário que já acontece há muitos anos na Europa, com uma votação espartilhada e os nossos políticos não querem perceber. Só têm de fazer valer a democracia e respeitar a vontade legítima do povo. Deixem-se de fitas partidárias, sentem-se e cheguem a consensos em prol da nação e dos seus cidadãos.

Aguardo os próximos diálogos e espero que possam ser mais esclarecedores e edificantes e não uma mera troca de galhardetes…

À comunicação social não lhe ficaria mal verdadeira isenção, independentemente de se gostar ou não do candidato ou da ideologia que ele representa. Não o fazer tem um efeito perverso e contrário. Por isso mesmo, destaco o painel composto por Maria João Avillez, Pedro Santos Guerreiro e João Pedro Henriques, que souberam fazer comentário político de forma isenta e pouco inflamada.

Aguardo o confronto mais esperado, entre Costa e Rio. Espero que não me desiludam. Os líderes dos dois partidos mais votados devem estar à altura dos desafios. Concentrem-se nos programas de cada um e elucidem-nos sobre as diferenças e as ideias que têm para o país, por favor.

Já gora, honestidade, também se pede. De falsas promessas e de boas intenções anda o inferno cheio.

 

Nina M.

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