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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

O Eco de Narciso

Eis no silêncio abrupto
A voz do vento que passa
Traz consigo o eco distante
Por ver Narciso prostrado
Definha, por si mesmo encantado.
A sua imagem não alcança
Revolve as águas com fúria
Por entre os delicados e alvos dedos
Escorre líquida a desventura
A sua imagem é a guardiã dos seus segredos
E  de sua alma inconformada
Ama-se o filho de Liríope
Atónito, mostra por si encanto
Sabe bem que não é míope!
Põe a amorosa Eco à margem
Que repete os seus ais
Enquanto revolve a água turva
Ao seu toque fugidia
Deram-lhe os deuses esta ironia
De ser sua a voz que repudia!
Por desamar todo aquele que o amou
De dura ordem se fez vaticínio
Pobre Narciso, a si mesmo apenas desejou
Nunca ninguém lhe causou fascínio!
Merecerá tal fado quem procura seu igual?
Por sua exigência foi castigado
Transformado em simples mortal!
Renasce em flor de mesmo nome
Que se curva na fonte para o ver
De si conserva a beleza
A inocência de seu igual
A brancura ou o ouro te contemplam
Eternizam-te em eterno ritual!


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