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sábado, 11 de maio de 2019

Crónica de Maus Costumes 131


Diversão não deveria ser indignidade

                À luz do que vem sendo habitual, nos últimos anos, esta semana, a Internet ficou pejada de imagens de jovens universitários, que supostamente se divertem numa Queima. Resistirei à tentação de cair num discurso moralista e puritano e até mesmo paternal. Também já tive as minhas queimas. Frequentei todas e diverti-me muito! Também nesse tempo havia excessos cometidos por uma juventude que fervilha de vida e que o corpo, demasiado pequeno, não consegue suster. É a lei da vida. É natural que assim seja.
                No entanto, a natureza da diversão divulgada impressiona qualquer um. Jovens mulheres seminuas, em plena posse das suas faculdades, que se deitam deliberadamente em cima de um qualquer balcão, com paparazzis de serviço que divulgam in loco o acontecimento nas redes sociais, parece-me tudo menos diversão. São imagens e pequenos filmes de cariz sexual feitos sem o mínimo de privacidade e de respeito pela própria intimidade. Desde shots estrategicamente colocados entre os seios e que jovens rapazes e raparigas vão buscar com a boca, numa espécie de jogo, para ver quem consegue beber sem pegar no copinho com as mãos, a beijos ostensivos entre belas meninas, quais Safos de quem se desconhece a poesia, até imagens mais degradantes em que, à frente de um grande público, se vê um jovem a beber da púbis da menina, que jaz deitada e sorridente, mesmo sabendo-se filmada ou outra que, de seios a descoberto, permite que a acariciem e escrevam sobre a pele, enquanto se veem umas mãos que passeiam freneticamente entre pernas… Tudo isto se pode encontrar…
Ora, a mim, para me parecer diversão, teria de ficar na esfera privada de duas pessoas, que partilham a sua intimidade.
                Ao ver as imagens lembrei-me dos cínicos da antiguidade, dos filósofos tão naturalistas que caíam no engano de viver como animais, também eles satisfazendo as suas necessidades eróticas em praça pública!
                Questiono-me o que leva as jovens a tal comportamento. Jovens mulheres que se deixavam acariciar e filmar com satisfação perante olhares indiscretos, como se fosse um comportamento natural! Um arrepio percorre-me a alma. Em primeiro lugar, porque sou mulher e, depois, porque sou mãe! Talvez um dia, queira mostrar este texto à minha filha, para que ela não confunda diversão com indignidade. Tal comportamento não é rebeldia, não é ser ousada e muito menos moderna! Revela apenas uma enorme falta de respeito por si mesma, objetificando-se, transformando-se numa coisa em que qualquer um pode tocar!
 Se algum dia te quiser mostrar estas linhas, filha, sabe que a mãe não é nem moralista nem puritana e nem feminista. Apenas considera a mulher um ser divino, a obra mais perfeita de Deus, se Ele existir. A mulher é elegância, beleza e sensualidade, não é um pedaço de carne que qualquer um pode pegar. No entanto, os outros só te poderão ver assim, se tu te vires assim primeiro e, para isso, a preservação da tua intimidade é crucial. É muito bom entregarmo-nos a alguém e todos os jogos, desde que desejados por ambos, poderão ser admissíveis, mas no recolhimento e na privacidade de quem se quer muito bem. Este comportamento não dignifica a mulher e põe em causa o respeito que ela almeja conquistar.
                Não deixa de ser curioso o facto de que todas as imagens perturbadoras que vi serem de meninas. Não vi rapazes nus em poses provocatórias e a ostentar o que quer que fosse! Serve para provar o quê?! Que a mulher é dona do seu corpo e pode fazer com ele o que bem entender?! Que a mulher tem o mesmo direito à liberdade sexual que o homem?! Ou apenas parvoíce de uma idade em que não se medem as consequências e em que não se lembra que uma vez na Internet, na Internet para sempre?!
                Quanto aos voyeurs que não resistem a colocar tudo quanto veem no mundo digital, mesmo que se trate da vida alheia, talvez fosse melhor arranjar algo de útil e de produtivo para fazerem…
                O que vi não foi um excesso de juventude, foi uma obscenidade feita de forma consciente e com alegria pateta que apenas expõe ao ridículo quem se prestou a tal papel e, por mais compreensivos que possamos querer ser, não é comum ver-se mulheres a levantarem camisolas, enquanto afagam os seios nus em troca de uma bebida gratuita!
                A sério, meninas?! As prostitutas são mais caras e mais dignas!

Nina M.









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