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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Rio Letes

Se precisares, amor, de me esquecer
Fá-lo sem dor, devagarinho
Banha-te no rio Letes de mansinho
Fecha os olhos e larga-me a mão
Sem pressa e sem ilusão
Deixa-a aberta, como quem dá guarida

Se precisares, amor, de me arrancar
Como quem extirpa um mal
Fá-lo com doçura e encanto
Sê refúgio de um pranto
Alma ardente e acolhedora
De alguém tão protetora

Se precisares, amor, de amputar o coração
Em cinzas depositado em tua mão
Fá-lo como quem canta
E todos os males do mundo espanta
Breve, leve, suave, numa canção
Brisa fresca matinal feita só de emoção

Se precisar, amor, de te guardar
Fá-lo-ei secretamente
Amor-alma nunca ausente
Em mim se quer resguardar
E na sede de absoluto
Se procura eternizar

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