A velhice é uma chaga que traga a carne.
Deixa a alma pendurada em pele murchaEngelhada e inerte a olhar o tempo
De olhar embaciado
A lucidez profunda de quem já viveu
E aguarda... Pacientemente numa antecâmara da morte
Vem o carrasco de foice erguida
A velhice já não lhe quer fugir
Em pernas trôpegas, pouco lestas e cansadas
Aguarda
E a hipocrisia a salvar-nos o instante.
[-Estou muito mal!
- Nada disso! Essa cabeça ainda pensa.]
Nenhum de nós acedita
Mas ambos assentimos placidamente na mentira
Numa resignação tácita.
Só o que pressente o fim se atreve a dizê-lo. Pode dizê-lo por direito adquirido.
E os olhos onde ainda mora uma centelha
Parecem mais pardos e tristes
Num lamento de quem se despede.
Não há futuro. Só passado
Feito de trabalho e de luta.
Consciência do dever cumprido.
O presente pouco promissor.
A resignação de quem se prepara para atravessar a linha.
A pele quase sem corpo impressiona-me sempre.
O espectro de quem se foi...
Preserva a dignidade uma lucidez fina
A mesma que se atreve a enfrentar o fim
De olhos bem abertos e com um sorriso
Sem desmaio nem complacência
Nem vertigem ou agoiro
O que for virá.
E a hipocrisia a salvar-nos o instante.
[-Estou muito mal!
- Nada disso! Essa cabeça ainda pensa.]
Nenhum de nós acedita
Mas ambos assentimos placidamente na mentira
Numa resignação tácita.
Só o que pressente o fim se atreve a dizê-lo. Pode dizê-lo por direito adquirido.
E os olhos onde ainda mora uma centelha
Parecem mais pardos e tristes
Num lamento de quem se despede.
Não há futuro. Só passado
Feito de trabalho e de luta.
Consciência do dever cumprido.
O presente pouco promissor.
A resignação de quem se prepara para atravessar a linha.
A pele quase sem corpo impressiona-me sempre.
O espectro de quem se foi...
Preserva a dignidade uma lucidez fina
A mesma que se atreve a enfrentar o fim
De olhos bem abertos e com um sorriso
Sem desmaio nem complacência
Nem vertigem ou agoiro
O que for virá.
Sem comentários:
Enviar um comentário