Escrever versos é recordar
Outro ouvir-te. Outro falar-te.
Devolver ao coração o que lhe pertence
Outro ouvir-te. Outro falar-te.
Devolver ao coração o que lhe pertence
Ele que anda, assim, tão aflito e estreito
Como a viela onde não cabe a viatura...
Não sei o que fazer com as vozes
Que me esventram a alma.
Ora dóceis ora amargas ora angústias
De quem tem a vida entre parênteses
A pairar sobre o arame do equilibrista.
O mínimo sobressalto pode ser a queda.
[Já te disse que recordar é voltar ao coração?
Esse órgão sangrento e asqueroso
que fabrica as emoções.
Um aborrecimento quando ele se faz estreito para o caos que nos governa, sabes?]
Escrevo como quem te fala baixinho
O único modo de te saber falar...
Eu, que julgava não perder vontades,
Aqui a apetecer-me o silêncio.
Talvez os versos sejam o modo possível
A minha forma de expressão mais pura
Como aquele amor que vem para resgatar
Almas desesperançadas e difíceis.
Os versos são palavras económicas
Silenciosas como o gato pachorrento
Que se nos deita aos pés a fazer-nos
Companhia.
Os versos são o meu falar-te e o meu ouvir-te
Ainda que a mudez me tome o coração.
Companhia.
Os versos são o meu falar-te e o meu ouvir-te
Ainda que a mudez me tome o coração.
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