Celebrar a amizade
Hoje, foi dia de celebrar a amizade.
Cinco mulheres que se conheceram numa escola e continuam a reunir-se, uma vez
por ano, mesmo estando cada uma em sua escola.
A escola também é isto, dizia uma
delas. Na verdade, Lurdes Martins, és a grande timoneira que permite que este
espírito se mantenha. Não que nós não sintamos a mesma vontade, mas talvez
pelas tuas características, em particular, a tua capacidade de dares prejuízo à
empresa de telecomunicações com quem contratualizaste serviço, o viço se
mantenha. Anualmente, cá estamos nós (as cinco), porque eu e tu vamos falando,
vamo-nos encontrando e até arranjando projetos comuns, com maior regularidade.
Deve-se à nossa proximidade geográfica, obviamente, mas também às afinidades
que nos unem: o gosto pela cultura, pelo livro e pelas viagens. Quanto às
passeatas, és infinitamente pior do que eu! Uma roda no ar, como é vulgo
dizer-se. Se há característica de que gosto em ti é o facto de gostares de
viajar, mas de lhe juntares o gosto pela cultura, pela arte, pela História… És
uma boa parceira de viagens, porque fazes o trabalho de casa e gostas
genuinamente de descobrir a história por detrás dos lugares. Até poderíamos ter
escolhido uma espécie de spa caseiro, num dia de calor como o de hoje. Porém,
se é passeio, é passeio. Dizes tu. E fazemos-te a vontade com gosto.
Trocámos Aveiro pela “Bila”, dadas as
circunstâncias; o litoral pelo interior. A serranias também têm o seu encanto…
Que o diga o Torga que cantou a montanha nua, despida até ao osso e as valas
feitas a enxadão e a suor humano, nos socalcos do Douro. Mostrei-vos os
recantos da pequena, mas agradável cidade onde estudei. Há muito não me perdia
pela rua Direita que é torta e pelas suas vielas adjacentes, que tanto nos
levam à Carvalho Araújo e à Gomes como à 1º de maio, virada ao Corgo, onde
morei parte boa da minha vida. Talvez fruto do S. Pedro, ainda apanhámos a Capela
Nova aberta, local onde era feita tradicionalmente a Monumental serenata, que
sempre iniciava a queima… Regressar à Bila desta forma, poder perder-me nas
suas vielas e traços de casas antigas é sinónimo de retroceder no tempo com
saudade… Não podia faltar Camilo pelo meio, nem o Torga e a paisagem de Galafura.
O S. Leonardo, que à proa de um navio de mosto, vai sulcando as ondas da
eternidade, com desgosto de deixar para trás os vinhedos, o verdadeiro paraíso
perdido…
Se tivéssemos ido a Aveiro, a guia
não teria sido tão emotiva nem tão competente. Não teria falhado a casa dos
avós de Eça. O avô que terá inspirado a criação da figura de Afonso da Maia,
mas guia teria sido mais relapsa e não saberia mostrar tão bem os cantos à
casa.
Na verdade, o favor foi vosso,
meninas. Permitiram-me percorrer os trilhos da memória. Os trilhos do Corgo
terão de ficar para uma próxima oportunidade, mas vim com um pedaço de passado
agarrado à pele. Trouxe comigo não a “bila” de hoje, mas a de outrora.
P.S. Isabel Ferreira, estas meninas ainda
provaram o covilhete da Gomes, mas as cristas de galo ou os pitos nem os
cheiraram, apesar de termos passado na Lapão. Quem sabe a desculpa perfeita
para lá voltarem. Lembrei-me de ti, doutora!
Nina M.
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