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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Ao "Zap do professor"

Partiste, Jorge de Sena!
Deixaste a tua carta como herança
Para os teus herdeiros -
Todos os filhos deste mundo!
Muitos a leram.
Muitos a mastigaram.
Muitos a deitaram fora.
Atrevida talvez?!
Que fariam com ela
Na algibeira da modernidade?
Quem sabe hoje dos fuzilamentos de Goya...
Neste mundo não se mata assim...
Ouvem-se os ruídos ao longe
Destroem-se centrais nucleares
Pilham-se as cidades
Enterram-se ou carbonizam-se corpos
Amontoados em valas. Desfeitos.
Roubam-se infâncias 
Ensina-se o ódio
Lá longe... 
Armas químicas, guerras nucleares...
Tudo higiénico, limpo, ao dispor de um botão.
Não mais se ataca ou defende de fuzil em riste
Corpo a corpo
Talvez o corpo do outro e o seu suor
Ainda fizesse o agressor recuar dois passos
Talvez ainda exalasse a humanidade, o outro...
Não se mata a humanidade, neste início de novo século!
Bendita a hipocrisia dos que falam de paz e instigam a guerra
Porque os deixa adormecer tranquilamente, à noite,
Sob o peso das vidas perdidas dos que partiram.
Sob o peso das vidas perdidas dos que teimam viver.



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