Protesto
Apesar de já ter vivido o suficiente
para saber que a humanidade, na sua génese, pouco evoluiu ao longo dos tempos,
gosto de focar-me mais nos bons exemplos que nos salvam do que no lodo que nos
rodeia. No entanto, às vezes, não é fácil! Os
políticos, os influenciadores da opinião pública, os media e até o cidadão comum insistem em desmoralizar-me. No
entanto, declaro desde já não me render ao cinismo, que nos torna amargos e
sempre insatisfeitos.
Como se sabe, o pulmão do mundo está
ferido de morte há vários dias. Arde consecutivamente e destrói vida. Têm
chovido críticas, como é habitual nestas circunstâncias, ao governo de
Bolsonaro. De imediato, nas redes sociais, surge uma espécie de prós e contras
em torno da personagem. Uns porque consideram que a oposição e todos os que não
apreciam o governante em questão tentam demonizá-lo e outros acreditam que
enquanto representante de um povo, tem de ser responsabilizado pelo que
acontece de mau e também de bom, se for o caso, no seu país. Ambas as opiniões
devem ser respeitadas. Afinal, vivemos em democracia, que assenta no respeito e
tolerância pelo juízo de outrem. Tudo estaria certo, se não percebesse que
algumas das conceções elaboradas dependem da ideologia ou da simpatia
partidária de cada um e, desta forma, o quadrante mais à direita tende a
desvalorizar as imbecilidades de Bolsonaro, enquanto a esquerda as escalpela.
Perante este cenário, fico irritada, por considerar que independentemente das
nossas simpatias deve haver espírito crítico suficiente para se pensar sobre o
assunto. Eis o motivo pelo qual não abdico da minha consciência livre de
cidadã. A formação da minha opinião nunca poderá ser tomada para satisfazer um
partido. A minha liberdade pode ser condicionada apenas pela minha família, às
vezes até a contragosto, se considerar que é em nome de um bem maior, porque a
felicidade nem sempre é possível, mas se houver paz, uma boa parte desta está garantida.
No resto, não posso subjugar o meu juízo, a minha liberdade de pensar em prol
de um corporativismo político, por isso, me mantenho uma apartidária atenta.
De facto, não se deverá culpar
diretamente Bolsonaro pela catástrofe, mas como representante de uma nação não
está isento de responsabilidade. Tal como o nosso primeiro-ministro, António
Costa, sempre terá o seu Governo associado aos incêndios de Pedrógão e do
Pinhal de Leiria, bem como à má gestão dos fundos humanitários que se seguiram!
E é injusto que assim seja?! Há situações incontroláveis, mas certamente também
haveria soluções para serem postas em prática e que não foram realizadas!
Neste caso concreto, temos um
governante e também os seus correligionários que não se coíbem de vir a
terreiro, através das redes sociais, dizer uma série de disparates, nada dignos
das funções que exercem. Basta procurar no facebook
ou youtube e as pérolas da desdita
sobejam! Podem confirmar facilmente, se assim tiverem vontade. Depois, quem
anda minimamente atento ao que se passa no Brasil, sabe que os Índios estão a
ser dizimados em nome do lucro! A homologação, a demarcação e o registo como território tradicional
indígena têm vindo a ser reduzidos. As terras dos povos indígenas têm sido
invadidas, saqueadas, as águas contaminadas e os territórios incendiados. Há
índios assassinados a cada passo! É uma realidade apenas do governo de
Bolsonaro? Não. Com Dilma e Temer já acontecia, mas o governante mostra
qualquer preocupação ou apreço por este povo? Obviamente, não.
Segundo
uma notícia da TSF, que dá a conhecer um relatório de um especialista, "Para piorar, os três poderes
do Estado brasileiro [executivo, legislativo e judiciário] têm sido cúmplices
da pressão sobre o território, que pretende permitir a exploração dos seus
recursos naturais e resulta em violência nas aldeias".
A Amazónia arde porque alguém com determinados
interesses económicos e sem qualquer preocupação ambiental e humanitária lhe
chegou fogo! A ganância continua a vigorar. O Padre António Vieira bem a
combateu, no passado já remoto, no entanto, parece que as más lições
portuguesas continuam a vigorar. Insiste-se em expulsar os verdadeiros donos daquele
pedaço de terra! O chefe do governo em vez de se mostrar ferido, preocupado, do
alto da sua absoluta arrogância insuportável, ignorante e execrável, só abre a
boca para deixar escapar impropérios inaceitáveis!
Ah! Mas o Bolsonaro foi eleito democraticamente,
alegam alguns. Pois foi. E estupidamente também! Um povo pouco instruído é
facilmente manipulável. Lembro-me de ver vídeos em que o político se
manifestava misógino, mas quando confrontadas com esse facto, as mulheres
desvalorizavam e do negro que após a audição de umas declarações
vergonhosamente racistas, confirmava a intenção de voto no déspota! Como
entender isto senão à luz da ignorância?! A abstenção e os votos nulos
perfizeram um total de 27%. Quem sabe não seria o suficiente para evitar o
descalabro, mas não foi! Agora, por incúria de todos, castiga-se todo um povo e
todo o planeta. Já agora, muito cuidado, porque no reino mais acima, as coisas
não são melhores!
Nina M.
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