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sábado, 24 de agosto de 2019

Crónica de Maus Costumes 144


Protesto

            Apesar de já ter vivido o suficiente para saber que a humanidade, na sua génese, pouco evoluiu ao longo dos tempos, gosto de focar-me mais nos bons exemplos que nos salvam do que no lodo que nos rodeia. No entanto, às vezes, não é fácil!           Os políticos, os influenciadores da opinião pública, os media e até o cidadão comum insistem em desmoralizar-me. No entanto, declaro desde já não me render ao cinismo, que nos torna amargos e sempre insatisfeitos.
            Como se sabe, o pulmão do mundo está ferido de morte há vários dias. Arde consecutivamente e destrói vida. Têm chovido críticas, como é habitual nestas circunstâncias, ao governo de Bolsonaro. De imediato, nas redes sociais, surge uma espécie de prós e contras em torno da personagem. Uns porque consideram que a oposição e todos os que não apreciam o governante em questão tentam demonizá-lo e outros acreditam que enquanto representante de um povo, tem de ser responsabilizado pelo que acontece de mau e também de bom, se for o caso, no seu país. Ambas as opiniões devem ser respeitadas. Afinal, vivemos em democracia, que assenta no respeito e tolerância pelo juízo de outrem. Tudo estaria certo, se não percebesse que algumas das conceções elaboradas dependem da ideologia ou da simpatia partidária de cada um e, desta forma, o quadrante mais à direita tende a desvalorizar as imbecilidades de Bolsonaro, enquanto a esquerda as escalpela. Perante este cenário, fico irritada, por considerar que independentemente das nossas simpatias deve haver espírito crítico suficiente para se pensar sobre o assunto. Eis o motivo pelo qual não abdico da minha consciência livre de cidadã. A formação da minha opinião nunca poderá ser tomada para satisfazer um partido. A minha liberdade pode ser condicionada apenas pela minha família, às vezes até a contragosto, se considerar que é em nome de um bem maior, porque a felicidade nem sempre é possível, mas se houver paz, uma boa parte desta está garantida. No resto, não posso subjugar o meu juízo, a minha liberdade de pensar em prol de um corporativismo político, por isso, me mantenho uma apartidária atenta.
            De facto, não se deverá culpar diretamente Bolsonaro pela catástrofe, mas como representante de uma nação não está isento de responsabilidade. Tal como o nosso primeiro-ministro, António Costa, sempre terá o seu Governo associado aos incêndios de Pedrógão e do Pinhal de Leiria, bem como à má gestão dos fundos humanitários que se seguiram! E é injusto que assim seja?! Há situações incontroláveis, mas certamente também haveria soluções para serem postas em prática e que não foram realizadas!
            Neste caso concreto, temos um governante e também os seus correligionários que não se coíbem de vir a terreiro, através das redes sociais, dizer uma série de disparates, nada dignos das funções que exercem. Basta procurar no facebook ou youtube e as pérolas da desdita sobejam! Podem confirmar facilmente, se assim tiverem vontade. Depois, quem anda minimamente atento ao que se passa no Brasil, sabe que os Índios estão a ser dizimados em nome do lucro! A homologação, a demarcação e o registo como território tradicional indígena têm vindo a ser reduzidos. As terras dos povos indígenas têm sido invadidas, saqueadas, as águas contaminadas e os territórios incendiados. Há índios assassinados a cada passo! É uma realidade apenas do governo de Bolsonaro? Não. Com Dilma e Temer já acontecia, mas o governante mostra qualquer preocupação ou apreço por este povo? Obviamente, não.
Segundo uma notícia da TSF, que dá a conhecer um relatório de um especialista, "Para piorar, os três poderes do Estado brasileiro [executivo, legislativo e judiciário] têm sido cúmplices da pressão sobre o território, que pretende permitir a exploração dos seus recursos naturais e resulta em violência nas aldeias".
A Amazónia arde porque alguém com determinados interesses económicos e sem qualquer preocupação ambiental e humanitária lhe chegou fogo! A ganância continua a vigorar. O Padre António Vieira bem a combateu, no passado já remoto, no entanto, parece que as más lições portuguesas continuam a vigorar. Insiste-se em expulsar os verdadeiros donos daquele pedaço de terra! O chefe do governo em vez de se mostrar ferido, preocupado, do alto da sua absoluta arrogância insuportável, ignorante e execrável, só abre a boca para deixar escapar impropérios inaceitáveis!
Ah! Mas o Bolsonaro foi eleito democraticamente, alegam alguns. Pois foi. E estupidamente também! Um povo pouco instruído é facilmente manipulável. Lembro-me de ver vídeos em que o político se manifestava misógino, mas quando confrontadas com esse facto, as mulheres desvalorizavam e do negro que após a audição de umas declarações vergonhosamente racistas, confirmava a intenção de voto no déspota! Como entender isto senão à luz da ignorância?! A abstenção e os votos nulos perfizeram um total de 27%. Quem sabe não seria o suficiente para evitar o descalabro, mas não foi! Agora, por incúria de todos, castiga-se todo um povo e todo o planeta. Já agora, muito cuidado, porque no reino mais acima, as coisas não são melhores!

 Nina M.














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