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sábado, 17 de agosto de 2019

Crónica de Maus Costumes 143


 “O prometido é devido”

Terminadas as férias que marcaram a ausência da rubrica semanal, eis-me de regresso. Tempo de quebra de rotinas, de silêncio e de solidão para usufruto de amizade e de lazer. Falo, obviamente, do silêncio e da solidão desejados, necessários à escrita e ao encontro do eu, não aos impostos contra a vontade, sempre indesejados e indesejáveis. A promessa de tudo sorver e de tudo aproveitar foi cumprida, o que impulsiona a vontade de partilha e a retoma de alguns compromissos. Não todos, ainda! A escola pode esperar mais um pouco, ainda que regresse a uma casa onde me sinto bem e feliz. Terei o privilégio de regressar à companhia de bons e agradáveis colegas, alguns deles, já amigos, no entanto, tudo a seu tempo.
O hábito de cumprir sagradamente com a publicação da crónica e os poemas do meu blogue está de tal forma enraizado que foi necessário alguma ginástica mental para me disciplinar e obrigar-me à paragem. É verdade que a ocasião faz o ladrão e com a algaraviada de quatro crianças e planeamento de saídas e conversas de quatro adultos, o tempo que sobrou não foi muito.
Viveu-se muito. Sorriu-se mais. Recuperaram-se memórias e criaram-se outras. A felicidade de ver a alegria de quem nos recebe e nos faz sentir estimados, mais do que isso, amados, porque há famílias que não se entendem tão bem, é indescritível! Há gestos que são tão valiosos que não têm preço e, como diz a letra de uma canção da Mariza, “há gente que fica na história da gente e outra de quem nem lembramos ouvir”. Ver aqueles que tão bem receberam uma família de quatro agradecer-nos por nos termos lá deslocado para passar férias com eles, deixa-me sem palavras e emocionada. Quinze dias de encontro, de riso, de boa gastronomia (que me vai obrigar a um cuidado extra!), sem obediência a horários ou a tarefas menos agradáveis. Descanso, mar, sol, montanha, festa, cultura, leitura… Não faltou nada. Nem marcação de encontro mais apurado com visita a outros paraísos.
A verdadeira amizade é um privilégio de poucos. É uma forma de amor. Sou bafejada pela sorte por me terem escolhido para amiga, apesar de todas as diferenças e de todas as semelhanças. Uma amizade que se estende pelos anos. Já lá vão vinte e cinco, alicerçada num passado e em vivências comuns. Um passado maior do que o presente, dada a separação a que o atlântico obriga, mas uma amizade que se reconhece, sente e sempre se renova no primeiro instante, a cada encontro! O tempo já moldou e modificou ambas, mas a essência permanece. O respeito que esta amizade inspira a quem nos rodeia é percetível, porque é rara e preciosa. Atrevo-me a dizer que enternece.
Há pessoas que me chegam para ficar e que recuso vê-las partir, porque não as deixarei morrer em mim.
Obrigada por tudo.
Nina M.





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