“O prometido é devido”
Terminadas
as férias que marcaram a ausência da rubrica semanal, eis-me de regresso. Tempo
de quebra de rotinas, de silêncio e de solidão para usufruto de amizade e de lazer.
Falo, obviamente, do silêncio e da solidão desejados, necessários à escrita e
ao encontro do eu, não aos impostos contra a vontade, sempre indesejados e
indesejáveis. A promessa de tudo sorver e de tudo aproveitar foi cumprida, o
que impulsiona a vontade de partilha e a retoma de alguns compromissos. Não
todos, ainda! A escola pode esperar mais um pouco, ainda que regresse a uma
casa onde me sinto bem e feliz. Terei o privilégio de regressar à companhia de
bons e agradáveis colegas, alguns deles, já amigos, no entanto, tudo a seu
tempo.
O
hábito de cumprir sagradamente com a publicação da crónica e os poemas do meu
blogue está de tal forma enraizado que foi necessário alguma ginástica mental
para me disciplinar e obrigar-me à paragem. É verdade que a ocasião faz o
ladrão e com a algaraviada de quatro crianças e planeamento de saídas e
conversas de quatro adultos, o tempo que sobrou não foi muito.
Viveu-se
muito. Sorriu-se mais. Recuperaram-se memórias e criaram-se outras. A
felicidade de ver a alegria de quem nos recebe e nos faz sentir estimados, mais
do que isso, amados, porque há famílias que não se entendem tão bem, é
indescritível! Há gestos que são tão valiosos que não têm preço e, como diz a
letra de uma canção da Mariza, “há gente que fica na história da gente e outra
de quem nem lembramos ouvir”. Ver aqueles que tão bem receberam uma família de
quatro agradecer-nos por nos termos lá deslocado para passar férias com eles,
deixa-me sem palavras e emocionada. Quinze dias de encontro, de riso, de boa
gastronomia (que me vai obrigar a um cuidado extra!), sem obediência a horários
ou a tarefas menos agradáveis. Descanso, mar, sol, montanha, festa, cultura,
leitura… Não faltou nada. Nem marcação de encontro mais apurado com visita a
outros paraísos.
A
verdadeira amizade é um privilégio de poucos. É uma forma de amor. Sou bafejada
pela sorte por me terem escolhido para amiga, apesar de todas as diferenças e
de todas as semelhanças. Uma amizade que se estende pelos anos. Já lá vão vinte
e cinco, alicerçada num passado e em vivências comuns. Um passado maior do que
o presente, dada a separação a que o atlântico obriga, mas uma amizade que se
reconhece, sente e sempre se renova no primeiro instante, a cada encontro! O tempo
já moldou e modificou ambas, mas a essência permanece. O respeito que esta
amizade inspira a quem nos rodeia é percetível, porque é rara e preciosa.
Atrevo-me a dizer que enternece.
Há
pessoas que me chegam para ficar e que recuso vê-las partir, porque não as
deixarei morrer em mim.
Obrigada
por tudo.
Nina
M.
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