Seguidores

sábado, 12 de fevereiro de 2022

Crónica de Maus Costumes 265

 

O futebol e a vergonha

                Não estava à espera de tratar este tema na crónica semanal, mas mediante o sucedido, não posso deixar de o fazer. Ontem, no estádio do Dragão, casa do clube pelo qual sou apaixonada, aconteceu o impensável.

            Começo por afirmar a minha total repugnância pelos acontecimentos que marcaram o clássico de ontem. Também espero que sejam tomadas todas as diligências e se apurem todos os factos, para que o futebol português não perca a sua dignidade. Haja decência e ponha-se cobro à vergonha. Custe o que custar e seja contra quem for. As imagens estão gravadas, os “coletes azuis e laranjas” que agrediram os jogadores da equipa adversária têm, naturalmente, de ser punidos. Não são bons profissionais, não cumprem bem com as suas funções e deixam em causa o clube organizador do evento. Esses funcionários não estão vinculados ao Futebol Clube do Porto. Trabalham para uma empresa que presta serviço ao clube e este deve pedir, naturalmente, um inquérito e o apuramento de todas as responsabilidades, para poder atuar em conformidade. Dizer ainda que não me revejo na forma de comunicação veiculada pelos órgãos de comunicação do Futebol Clube Porto, ao tratar o adversário por “Sporting de Lisboa” e ao usar a expressão “dor de corno”. Pode-se sempre defender o clube com educação e com elevação e ambas falharam. Desconheço também o que se passou a seguir à conferência de imprensa de Frederico Varandas. Não quero acreditar que o que o presidente do Sporting afirma seja a verdade absoluta. Nenhum dos dirigentes do Porto necessitaria, certamente, do seu telemóvel ou carteira. Espero que também aqui sejam apuradas todas as responsabilidades. Se, eventualmente, se vier a provar que esses factos são verdadeiros, creio que farão corar de vergonha uma grande parte dos portistas. A reação a provocações não poderá justificar comportamentos inqualificáveis. Dito isto, passemos a outros comportamentos e reações, porque no futebol português, há mais pecadores do que santos.

A confusão no final do jogo surge também por frustração da equipa leonina perante o resultado final. Depois de estar a ganhar por dois golos e, sentindo-se prejudicados pela expulsão do Coates, o que condicionou naturalmente toda a estratégia de jogo, a emoção fica à flor da pele, tal como os jogadores do Porto, que queriam alcançar a vitória. A segunda parte ficou marcada pelas paragens e pelas inúmeras tentativas de enganar o árbitro, por parte de ambas as equipas. Essas quezílias, joguinhos paralelos e manha de jogadores que querem retirar vantagem seja de que modo for, só estragam o espetáculo. O triste final do jogo é a explosão da pressão anterior e durante o jogo. Os “stewards” não podiam nem deviam ter interferido no que se passava no retângulo do jogo. Apurem-se as responsabilidades. A sua função é olhar para os adeptos, não para os jogadores. Eles não precisam de defensores nem de guarda-costas.

            Por último, lamento e condeno veementemente o Frederico Varandas pelas palavras que teve no final do jogo. Demonstrou falta de clarividência e já depois do que se tinha passado, naturalmente, falou para colocar mais lenha na fogueira. Não é a primeira vez que o senhor é absolutamente deselegante com o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa. Perante as declarações infelizes, o presidente do Futebol Clube do Porto deveria mover-lhe um processo judicial. Afirmar que o jogo de ontem representam quarenta anos do legado de Pinto da Costa, é insinuar que os “stewards” agiram com autorização ou ordens do presidente. É inadmissível, é insultuoso e quem profere tais barbaridades deve ter que o provar em tribunal, por atentar contra o bom nome da instituição Futebol Clube do Porto, que será sempre maior que qualquer Varandas ou Pinto da Costa. Os homens passam, mas a obra fica. Um discurso inaceitável, cheio de ódio e promotor da violência, na casa do adversário. A suposta coragem que o senhor acha que tem, não passa de uma falta de respeito pela instituição onde foi jogar. Termina a declaração com quase um “venham eles que não tememos ninguém” e “vimos cá em abril”, ou seja, em guerra aberta com o clube, com o seu presidente e a sua massa associativa. Depois destas palavras, certamente, não deve estar à espera de ser recebido com elogios e abraços, no próximo encontro! É este tipo de gente que vem falar da dignificação do futebol! A hipocrisia é tal que usa a metodologia de que acusa o seu adversário, ainda que o presidente visado nem sequer se tenha ainda manifestado! O doutor Varandas tem uma clara má vontade com o presidente do Futebol Clube do Porto, mas terá que ter paciência, porque quando ele chegou, o Pinto da Costa já por cá andava há muito. Espero que ele tenha a consciência de que também ele contribuiu para o que o futebol tem de pior, espero que tenha a consciência de que no seu clube não há impolutos, a começar por ele mesmo e espero, francamente, que aprenda a respeitar os seus adversários.

De qualquer modo, independentemente da sua atuação, o Futebol Clube do Porto será sempre uma equipa combativa e que luta até ao último segundo, dentro do terreno de jogo. Este é o ADN do clube. Nunca foi e nunca será fácil ganhar no palco que é a sua casa. Acontece, às vezes, mas nunca por falta de empenho ou de vontade dos nossos. Desejo que os ânimos possam serenar e que as batalhas se travem dentro das quatro linhas, com lisura. Aprendam todos a ser mais honestos no jogo para facilitar a vida ao árbitro. Por fim, quem está no banco, mantenha-se por lá.

Ontem, apeteceu-me resolver a contenda à moda da minha mãe, quando via os seus três pintos engalfinhados. Não havia cá razões nem meias razões, aquilo era dois bofetões a cada um e serenavam-se os ânimos rapidamente. Amuavam os três cada um para o seu canto e terminava o barulho. Também me senti injustiçada algumas vezes, mas ainda cá ando e só se terão perdido as que caíram ao chão. Homessa!

Saudações portistas.

 

Nina M.          

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário