O marialva
Em
jeito de brincadeira, por estes dias, usei o adjetivo marialva, bem português,
aliás, com o sentido pejorativo que lhe é associado. Dito assim, é referente ao
homem sedutor, aquele que gosta de namoriscar com mais do que uma mulher (não
vou ser politicamente correta nem inclusiva. Essa novilíngua deixa-me louca!) O
epíteto marialva refere-se ao homem (ser que exibe protuberância genital externa)
que gosta de mulheres e que por ter um coração gigantesco, gosta de várias em
simultâneo.
Ora,
eis que me pus a cismar na palavra, que é usada em múltiplos contextos. Desde
logo, Marialva é uma das aldeias históricas de Portugal, localizada, no
concelho de Mêda. Foi habitada por romanos e árabes. Há quem diga que o seu
nome remonta à época da Reconquista Cristã, em que Fernando Magno a toma aos
Mouros e, em honra a Nossa senhora, (Maria Alba), batiza-a assim. Mais tarde,
D. Afonso Henriques incentivará o seu repovoamento, concedendo-lhe Carta de
Foral, D. Sancho I reabilita-lhe o castelo e D. Afonso II confirma-lhe o Foral.
Ao longo dos séculos, do alto do seu castelo altaneiro, Marialva contempla os
diversos tempos difíceis. Toma partido do Mestre de Avis, na crise de 1383-85,
mas é na Guerra da Restauração, após a Batalha da Linha de Elvas, que o nome da
povoação passa a ser carregado por D. António Luís de Meneses, conde de
Cantanhede, agraciado mais tarde, como Marquês da Vila de Marialva, pelos
préstimos nesta batalha. O Marquês tinha tido também participação ativa no
movimento dos quarenta conjurados, que conduziria à Restauração da
Independência Portuguesa. Mais tarde, venceria a Batalha de Montes Claros. Desta
forma, o título passa a ser associado ao nobre cavaleiro, figura da mais
ilustre nobreza portuguesa, com um papel decisivo na arte equestre, em Portugal,
apelidada de arte de Marialva.
Hoje,
no dicionário Priberam, encontramos a
definição de marialva como: relativo
às regras de cavalgar à gineta; feito segundo o modo de trajar do marquês de
Marialva; Sedutor; conquistador de mulheres; aquele que, sendo de boa família,
só convivia com fadistas e outra gente considerada desprezível.
Não sei se os Marqueses de Marialva
faziam jus à fama de sedutores, mas que deixaram o epíteto aos vindouros, isso
é inegável. O que não falta por aí são marialvas de pé de chinelo, sem
aristocracia nem ginete, mas que gostam de pendurar o cântaro em tudo quanto é
galho a ver se alguém os recolhe. Não os censuro, se a dona do cântaro o
decidir recolher é porque assim quis, mas talvez valesse a pena clarificar se o
cântaro é apenas um empréstimo ou uma dádiva… Poupar-se-iam alguns desgostos e
aborrecimentos. No mínimo, ó marialvas contemporâneos, se não sois
absolutamente esclarecedores nas vossas reais intenções, sob pena do cântaro se
partir, fazei uma coisa: antes de vos acomodardes em leito alheio, como viestes
ao mundo, não vos esqueçais da meiazita… Um marialva de meia… Huuuumm… É algo
que me custa a imaginar… Brancas e puxadas até ao meio da perna, conforme se
veem nos jovens, muito menos!
Que
os deuses poupem as mulheres sedentas de água dessa visão!
Nina
M.
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