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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Ouço a noite nas luzes amareladas

Ouço a noite nas luzes amareladas
Que trazem a saudade com o lusco-fusco
De um tempo que já não é mas não deixou de ser
Em contraciclo contracorrente e em contramão 
Sempre contra qualquer coisa
Como se nascêssemos pelo inverso
Na essência errada das coisas e dos seres
Sobra a angústia e o vazio
O pré-aviso de verso que se vai soltar
A insolvência de quem já se despojou
Fere violentamente a folha em branco imaculada
Surgem como quem rasga a alma os versos de ninguém
Surpreendidos da sua existência e ambicionando o além
Não sabem da sua origem nem da saudade nem do tempo
Vagos e confusos, perdidos
Alimentam-se das palavras que os formam
Namoram-nas... Vã cobiça...
Quedam-se deitados na letargia de um poema

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