Seguidores

sábado, 5 de maio de 2018

Crónica de Maus Costumes 81




           Não vou seguir o teu conselho, marido. Sim, vou fazer mesmo isto, porque se pode escrever sobre tudo, inclusive futebol. Serei politicamente incorreta e nem sequer pedirei desculpa a quem não tem o mesmo gosto clubístico que o meu, porque hoje a noite é do meu Porto!
           Escusem-se a fazer comentários menos escorreitos, já que hoje, só hoje, abrirei um parêntesis na democracia para os rejeitar, que sobejem na mente dos descontentes e que estes tenham o desportivismo suficiente para admitir a vitória justa e honesta dos que ganharam.
         Hoje cumpriu-se o grande objetivo da época. Saborosa vitória, após quatro anos desastrosos em termos desportivos, que deixaram os adeptos, habituados a vitórias sucessivas, sedentos de títulos. Os insucessos servem para valorizar os triunfos, fazer com que sejam verdadeiramente apreciados e se forem conseguidos com suor e lágrimas, então, ganham contornos especiais.
            A conquista deste campeonato reveste-se de uma importância fulcral: já havia quem teimasse pôr em causa a estrutura do clube e o seu presidente (o que não deixa de ser curioso, pois comprova a força do clube). Quatro anos sem títulos representam uma hecatombe para a massa adepta e comunicação social, quando os adversários, no seu passado recente, não têm um historial feliz!
           Ao presidente, agradeço a sagacidade que a idade não lhe roubou. Soube encontrar o homem certo para ser o timoneiro que nos levou ao título. Ao Sérgio, agradeço as lágrimas que verteu, enquanto falava, visivelmente emocionado, o trabalho feito com profissionalismo e, sobretudo, com paixão. Agradeço a entrega, o esforço, todas as alegrias que nos foi dando jogo após jogo.
          Dizem que a paixão clubística não se explica. Sente-se. Assim é, porém, o meu clube é um clube de ideal. Vou repetir-me: eu gosto de ideais. O emblema do clube representa as idiossincrasias de uma cidade e de uma região. O Porto comporta consigo o valor do trabalho árduo, da resiliência, dos resistentes que mesmo no chão arranjam força para se erguerem e se não forem capazes, rastejam, mas a única atitude que não é permitida é a desistência.
O meu clube é o estandarte da oposição a um centralismo anquilosante e bacoco. Contra tudo e contra todos, o Porto venceu. Contra os que teimam em querer reduzir o Futebol Clube do Porto a uma equipa de dimensão regional, desmentem-nos as imagens que revestiram a capital de azul branco, tornando-a mais luminosa e apreciável, assim como os quatro cantos do mundo. O meu clube é mais do que uma SAD, é baluarte da cidade, representação internacional de um país, é mística, arrepio e orgulho!
A união faz a força. A equipa de dispensados com o crédito do seu treinador e dos seus adeptos provou que afinal era a melhor. Todos os ingredientes estiveram lá: um plantel visto como o menos favorito inicialmente, entendido como perigoso depois, capaz de fazer perigar um penta tão desejado pelo rival, resistiram as várias tentativas de sabotagem. Seria um deus baco qualquer, invejoso da fama e vitória alheia, com receio de perder a admiração das suas gentes. Não houve, no entanto, Vénus ou Júpiter que os sustivesse e os nautas tiveram que navegar munidos da sua força própria, sabendo, porém, que em terra estavam as suas gentes a velar por todos.

  E em perigos e guerras esforçados
            Mais do que prometia a força humana
 Entre gente própria festejaram
 Novo título que tanto sublimaram.

"O Porto é uma nação
Eterno campeão
Azul e branco
É o coração
Porto! Porto!”

Nina M.


Sem comentários:

Enviar um comentário