Não
vou seguir o teu conselho, marido. Sim, vou fazer mesmo isto, porque se pode
escrever sobre tudo, inclusive futebol. Serei politicamente incorreta e nem
sequer pedirei desculpa a quem não tem o mesmo gosto clubístico que o meu,
porque hoje a noite é do meu Porto!
Escusem-se
a fazer comentários menos escorreitos, já que hoje, só hoje, abrirei um
parêntesis na democracia para os rejeitar, que sobejem na mente dos
descontentes e que estes tenham o desportivismo suficiente para admitir a
vitória justa e honesta dos que ganharam.
Hoje
cumpriu-se o grande objetivo da época. Saborosa vitória, após quatro anos
desastrosos em termos desportivos, que deixaram os adeptos, habituados a
vitórias sucessivas, sedentos de títulos. Os insucessos servem para valorizar
os triunfos, fazer com que sejam verdadeiramente apreciados e se forem
conseguidos com suor e lágrimas, então, ganham contornos especiais.
A
conquista deste campeonato reveste-se de uma importância fulcral: já havia quem
teimasse pôr em causa a estrutura do clube e o seu presidente (o que não deixa
de ser curioso, pois comprova a força do clube). Quatro anos sem títulos representam
uma hecatombe para a massa adepta e comunicação social, quando os adversários,
no seu passado recente, não têm um historial feliz!
Ao
presidente, agradeço a sagacidade que a idade não lhe roubou. Soube encontrar o
homem certo para ser o timoneiro que nos levou ao título. Ao Sérgio, agradeço
as lágrimas que verteu, enquanto falava, visivelmente emocionado, o trabalho
feito com profissionalismo e, sobretudo, com paixão. Agradeço a entrega, o
esforço, todas as alegrias que nos foi dando jogo após jogo.
Dizem
que a paixão clubística não se explica. Sente-se. Assim é, porém, o meu clube é
um clube de ideal. Vou repetir-me: eu gosto de ideais. O emblema do clube
representa as idiossincrasias de uma cidade e de uma região. O Porto comporta
consigo o valor do trabalho árduo, da resiliência, dos resistentes que mesmo no
chão arranjam força para se erguerem e se não forem capazes, rastejam, mas a
única atitude que não é permitida é a desistência.
O meu clube é o estandarte da
oposição a um centralismo anquilosante e bacoco. Contra tudo e contra todos, o
Porto venceu. Contra os que teimam em querer reduzir o Futebol Clube do Porto a
uma equipa de dimensão regional, desmentem-nos as imagens que revestiram a
capital de azul branco, tornando-a mais luminosa e apreciável, assim como os
quatro cantos do mundo. O meu clube é mais do que uma SAD, é baluarte da
cidade, representação internacional de um país, é mística, arrepio e orgulho!
A união faz a força. A equipa de
dispensados com o crédito do seu treinador e dos seus adeptos provou que afinal
era a melhor. Todos os ingredientes estiveram lá: um plantel visto como o menos
favorito inicialmente, entendido como perigoso depois, capaz de fazer perigar
um penta tão desejado pelo rival, resistiram as várias tentativas de sabotagem.
Seria um deus baco qualquer, invejoso da fama e vitória alheia, com receio de
perder a admiração das suas gentes. Não houve, no entanto, Vénus ou Júpiter que
os sustivesse e os nautas tiveram que navegar munidos da sua força própria,
sabendo, porém, que em terra estavam as suas gentes a velar por todos.
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
Entre gente própria festejaram
Novo título que tanto sublimaram.
"O Porto é uma nação
Eterno campeão
Azul e branco
É o coração
Porto! Porto!”
Nina M.
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